As potências mundiais concordaram na segunda-feira em prorrogar a permanência dos 10 mil soldados da força de paz internacional na Costa do Marfim, desafiando abertamente a exigência do presidente Laurent Gbagbo para que essas tropas deixem o país africano.
Gbagbo enfrenta grande pressão para renunciar, já que a comunidade internacional reconheceu a vitória de seu rival Alassane Ouattara na eleição presidencial de 28 de novembro. O novo golpe contra ele partiu da União Europeia, que decidiu proibir que o presidente e seu círculo de assessores e familiares viajem ao bloco.
Os Estados Unidos também estão preparando sanções a Gbagbo, e reiteraram seu apelo por sua renúncia. "É hora de que ele saia", disse Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca.
Ouattara tem apoio também da ONU e dos blocos regionais União Africana e Ecowas, mas é Gbagbo quem controla o Exército. A disputa pós-eleitoral já causou vários incidentes violentos, e analistas temem um reinício da guerra civil que dividiu o país em 2002/03.
Em Nova York, os 15 países do Conselho de Segurança da ONU decidiram prorrogar por seis meses a presença militar na Costa do Marfim, orientando a força de paz a "apoiar, em coordenação com as autoridades marfinenses, o fornecimento de segurança para o governo e para os principais atores políticos".
O texto alerta que autores de agressões contra civis ou tropas de paz podem ser submetidos a um tribunal internacional.
Lembrando que mais de 50 pessoas já morreram desde as eleições, o Conselho pediu às tropas internacionais que cumpram seu mandato de proteger os civis.
Em entrevista à Reuters por telefone, o sub-secretário-geral da ONU para a paz, Alain Le Roy, disse que as tropas "têm o direito de abrir fogo em caso de defesa própria ou em defesa do mandato".
Exigência
O governo de Gbagbo repetiu suas exigências de que as tropas internacionais deixem a Costa do Marfim.
"Se, contra nossa vontade, ela quiser manter essa força no nosso território, não iremos cooperar com ela. Isso significa que o líder dessa força não terá um interlocutor formal - como eles vão funcionar?", disse o ministro do Interior, Emile Guirieoulou.
Horas antes, a UE aprovou a proibição de viagens para Gbagbo, sua esposa e 17 pessoas próximas. "Esperamos que a proibição seja adotada na quarta-feira e entre em vigor na quinta-feira", disse uma porta-voz da Comissão Europeia (Poder Executivo bloco), acrescentando que os governos discutem também um congelamento de bens do governante.
Pascal Affi N'Guessan, assessor pessoal de Gbagbo, disse que as sanções não irão resolver a situação. "Elas só mostram que os que estão por trás disso não têm muita margem de manobra", afirmou.
Já Guirieoulou disse sobre as sanções: "Elas nos fazem rir".
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