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Aviões de guerra israelenses atacaram nesta segunda-feira (29) a Faixa de Gaza controlada pelo Hamas elevando para pelo menos 364 o número total de mortos e mais de 1.400 feridos, segundo o doutor Moaiya Hassanain, do Ministério da Saúde em Gaza. Tanques israelenses se preparam para uma operação por terra, no terceiro dia da ofensiva de Israel em Gaza. De acordo com a agência da ONU que cuida dos refugiados palestinos, desde sábado os ataques israelenses já mataram 57 civis, incluindo 21 crianças.
Em um dos ataques, sete pessoas morreram quando um míssil atingiu a casa de um comandante das brigadas Iz al-Din al-Qassam, braço-armado do Hamas. Segundo o grupo extremista, Maher Zaqout não estava em casa. Algumas das vítimas são familiares dele.
Israel declarou a fronteira com a Faixa de Gaza "zona militar fechada", o que indica que uma ofensiva terrestre está a caminho. O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse que o país está em "guerra total" contra o Hamas.
"Queremos paz, e estendemos a mão mais de uma vez ao povo palestino", afirmou Barak. "Não temos nada contra o povo de Gaza, mas temos uma guerra até o amargo fim contra o Hamas e suas extensões", acrescentou.
De acordo com o jornal "Haaretz", de Jerusalém, uma série de foguetes palestinos lançados contra a cidade de Ashkelon, na região do Negev, matou um israelense e deixou outros 14 feridos. Desde o início desta segunda-feira, radicais palestinos lá lançaram 37 foguetes contra alvos israelenses, informou o Canal 10. O Hamas ameaçou assassinar Barack, a chanceler Tzipi Livni e todos os outros "que conspirem contra nós".
No fim da noite de domingo, caças israelenses bombardearam a Universidade Islâmica, um importante símbolo cultural do Hamas, sem deixar vítimas, segundo testemunhas. Israel afirma que o grupo radical usava o prédio para armazenar armas. Já era madrugada desta segunda-feira quando uma mesquita e uma casa também foram atingidas. Três crianças morreram, segundo médicos palestinos.
Tanques israelenses foram deslocados para a Faixa de Gaza. Os soldados estão a postos para uma possível operação terrestre. No domingo, o governo de Israel deu mais um sinal de que a violência vai continuar, ao aprovar no conselho de ministros a convocação de 6.500 homens das fileiras da reserva para se prepararem para uma incursão militar terrestre em Gaza, em apoio aos bombardeios aéreos. Segundo a imprensa israelense, será um ataque como o realizado em junho de 2006, após o seqüestro do soldado Guilad Shalit por três milicianos palestinos.
A operação está sendo considerada a mais violenta desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Em Ramallah, na Cisjordânia, o negociador-chefe palestino, Ahmed Qorei, disse que as negociações de paz com Israel, mediadas pelos EUA, estão sendo interrompidas, por causa da ofensiva israelense em Gaza.
"Não há negociações e não há como haver negociações enquanto houve ataques contra nós", afirmou.
O Hamas se mantém desafiante e o porta-voz do grupo Fawzi Barhoum instou os palestinos a usar todos os meios disponíveis, incluídas as operações de martírio, uma referência aos ataques suicidas em Israel.
Israel, que aumentou seus ataques aéros depois do anoitecer de domingo (horário local), lançou sua campanha no sábado em resposta ao ataques quase diários de foguetes e morteiros que se intensificaram depois do fim do cessar-fogo de seis meses na semana passada. Neste fim de semana, militantes dispararam cerca de 80 foguetes contra Israel, segundo serviços de emergência, menos do que alguns analistas esperavam.
A operação está sendo considerada a mais violenta desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que a ação militar continuaria até que a população do Sul de Israel não viva mais o temor de constantes ataques com projéteis.
"A operação pode levar vários dias", disse o porta-voz do Exército Avi Benayahu.
O comunicado lido pelo embaixador da Croácia na ONU, Neven Jurica, não tem o peso de uma resolução, apenas expressa a opinião dos 15 integrantes do conselho que, depois de quatro horas de discussão, pediu ainda que os dois lados levem em conta a crise humanitária na Faixa de Gaza. O documento contém um apelo para que Israel abra os postos de fronteira com o território palestino para permitir a entrada de ajuda, o qual foi parcialmente atendido pelo primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert.
Apesar do pedido do Conselho de Segurança, aviões israelenses realizaram outros bombardeios no domingo. Os novos ataques alvejaram, entre outros locais, um prédio do governo do Hamas. Mais tarde, aviões de guerra israelenses bombardearam túneis ligando a bloqueada Faixa de Gaza ao deserto do Sinai no Egito, segundo o Hamas e residentes palestinos.
No sábado, o número de mortos já ultrapassava 200, marcando a data como o dia mais sangrento na história do território palestino. Durante a noite, uma importante estrada e uma mesquita foram atingidas. Ao menos duas pessoas morreram no templo, localizado na Cidade de Gaza. Em resposta às agressões, os palestinos dispararam mais de 60 mísseis contra Ashdod, cidade que fica a 37 km da Faixa de Gaza e tem o porto mais importante de Israel. A Organização para a Libertação Palestina (OLP) convocou um dia de luto na Cisjordânia e Jerusalém.
A ministra do Exterior israelense, Tzipi Livni, disse, neste domingo, que a operação tem sido "um sucesso". Segundo ela, Israel estaria determinado a mudar "a realidade em Gaza e libertar permanentemente os israelenses dos foguetes lançados contra o país durante quatro anos".
"O nosso objetivo não é reocupar a Faixa de Gaza", disse ela a um programa da rede norte-americana NBC. Perguntada no canal Fox News se Israel derrubaria o governo do Hamas em Gaza, Livni respondeu: "Não agora".
O Exército já mobilizou centenas de soldados em torno de Gaza para se preparar para esta operação terrestre de grande escala. O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, advertiu que "aprofundará e ampliará sua operação do modo que for necessário".
"Se sentem falta de botas sobre a terra, terão o que querem", disse Barak em uma entrevista na qual explicou que o objetivo da operação é mudar as regras do jogo.
Ainda no sábado, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, afirmou que dará ao seu Exército o tempo necessário para devolver a "vida normal" aos moradores do Sul de Israel, alvo dos lançamentos palestinos. Já o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, pediu que os palestinos realizem uma terceira intifada contra Israel. O líder do governo em Gaza, Ismail Haniyeh, prometeu que a região nunca vai se entregar.
"Não vamos deixar nossa terra, não vamos levantar bandeiras brancas e não vamos ficar de joelhos, exceto diante de Deus", disse Haniyeh em mensagem aos palestinos publicada em um site.
"Há sangue por todo lugar, há feridos e mártires em todas as casas e em todas as ruas. Gaza hoje foi decorada de sangue... Pode haver mais mártires e pode haver mais feridos, mas Gaza nunca será destruída e nunca vamos nos render", acrescentou.
Abbas diz que Hammas poderia ter evitado os bombardeios
Líder do grupo secular Fatah, que perdeu o poder em Gaza para o islâmico Hamas, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, também condenou os bombardeios, mas culpou o Hamas pela situação, afirmando que o grupo poderia ter evitado a violência. Abbas pediu ajuda do exterior para evitar novos ataques.
"Conversamos com eles (Hammas) e dissemos 'por favor, nós pedimos, não encerrem a trégua'. Deixem que o cessar-fogo continue, então poderíamos ter evitado o que aconteceu", disse.
A comunidade internacional reagiu aos ataques, pedindo um novo cessar-fogo entre Israel e o Hamas. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota afirmando que deplora os ataques de Israel, e criticando também o lançamento de foguetes palestinos.
O premier israelense pediu paciência à população.
"Pode levar tempo, e cada um de nós deve ter paciência para podermos completar a missão", disse Olmert a jornalistas. "Cidadãos israelenses: é possível que no curto prazo, o número de foguetes aumente e eles terão um alcance maior do que nós estamos acostumados", acrescentou.
Principal aliado de Israel, os EUA não condenaram os ataques e responsabilizaram o Hamas pela quebra da trégua com Israel, que vigorou durante seis meses, e não foi renovada na semana passada.
Os ataques israelenses aconteceram um dia depois de o Hamas voltar a lançar mísseis contra Israel e, acidentalmente, matar duas crianças em Gaza. Também na sexta-feira, Olmert havia autorizado a reabertura das fronteiras com Gaza para a entrada de ajuda humanitária. No começo da semana, o Hamas disse que Israel iria abrir os portões do inferno caso realizasse ataques.
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