Forças do governo sírio e milícias aliadas têm matado, mutilado, torturado e detido crianças com idades a partir de 9 anos, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (12) ao incluir o país na sua "lista da vergonha" de nações que abusam de menores em conflitos armados. A enviada especial da ONU para temas relacionados a crianças e conflitos armados, Radhika Coomaraswamy, disse que a entidade também recebeu acusações confiáveis de que a oposição armada, incluindo o grupo rebelde Exército Sírio Livre, também usa crianças no conflito dos últimos 15 meses. "Há uma violência extraordinária contra crianças na Síria", disse Coomaraswamy a jornalistas. "Crianças a partir de 9 anos de idade foram vítimas de assassinatos e de mutilações, detenção, torturas e prisão arbitrária e foram usadas como escudos humanos por forças do governo sírio, incluindo as Forças Armadas sírias, as forças de inteligência e a milícia Shabiha." Ela acrescentou que as forças governistas frequentemente invadem e ocupam escolas para usá-las como bases militares e centros de detenção. A ONU diz que mais de 10 mil pessoas já foram mortas desde o início da rebelião contra o presidente Bashar al-Assad, em março do ano passado. Os protestos, parte da chamada Primavera Árabe, cada vez ganham contornos de uma guerra civil. A nova versão da "lista da vergonha", que é publicada desde 1996, contém 52 países, como Afeganistão, Mianmar, Iraque, Sudão, República Democrática do Congo e Somália. A Líbia também foi incluída pela primeira vez. Coomaraswamy disse que, no caso sírio, "crianças a partir de 14 anos (estão) detidas, sendo torturadas por forças do governo, com marcas visíveis nos seus corpos. Vimos crianças descritas à minha equipe técnica como sendo surradas, com cicatrizes ... e açoitadas com cabos elétricos. Casos de tortura sexual também foram registrados contra essas crianças". "Num ônibus que estava levando militares, as crianças foram colocadas contra as janelas para proteger o ônibus de ser atacado", relatou ela. A representante da ONU disse ter recebido uma carta do governo sírio negando as acusações e questionando as fontes das alegações. Segundo ela, o comando do Exército Sírio Livre proibiu o recrutamento de crianças, mas a ordem não tem sido respeitada nos baixos escalões. Monitores da ONU na Síria também descobriram muitas crianças entre vítimas de recentes massacres nas cidades de Houla e Mazraat al-Qubeir.
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