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O Conselho de Segurança da ONU concluiu nesta sexta-feira (8) sua segunda reunião de emergência sobre o conflito entre a Rússia, a Geórgia e a separatista Ossétia do Sul sem chegar a um acordo sobre uma resolução que peça o fim das hostilidades.

"As negociações continuam, não terminaram. Continuaremos amanhã (sábado)", disse o atual presidente do CS, o embaixador belga Jan Grauls, após quatro horas de discussões.

O diplomata atribuiu a falta de acordo à evolução dos eventos na região em conflito e à necessidade de alguns membros do Conselho de Segurança de consultarem seus países.

Lei marcial

O presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, vai declarar lei marcial "em algumas horas", depois do ataque da Rússia a tropas da Geórgia na região separatista georgiana da Ossétia do Sul.

A informação foi divulgada pelo secretário do Conselho de Segurança da Geórgia, Kakha Lomaia. "O presidente vai declarar estado de lei marcial", disse ele neste sábado (horário local).

Ele acusou a Rússia de ter bombardeado o porto de Poti, no Mar Negro, e a base militar de Senaki. "Acreditamos que a Rússia começou a bombardear a infra-estrutura civil e econômica", disse à agência Reuters.

A secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, pediu nesta sexta que a Rússia "respeite a integridade territorial da Geórgia", cesse fogo e retire suas tropas. Gonzalo Gallegos, porta-voz do Departamento de Estado, disse que os EUA mandaram um enviado à região para negociar com as partes em conflito. A porta-voz do presidente George W. Bush, Dana Perino, disse em Pequim que o presidente apóia um cessar-fogo imediato na região.

Soldados russos atacaram os georgianos nesta sexta em Tskhinvali, capital da província separatista da Ossétia do Sul, um dia depois de a cidade ter sido invadida pelas tropas da Geórgia.

"Posições do exército russo que estavam atirando contra Tskhinvali e forças de paz foram suprimidas pela artilharia e por tanques do 58º Exército russo", disse o comandante russo Igor Konashenkov a uma TV russa.

O presidente da Geórgia disse que o ataque russo matou 30 georgianos, mas negou o recuo e afirmou que as tropas do país ainda controlam a capital da Ossétia do Sul e as vilas ao seu redor. Mas os separatistas contestam a versão e dizem que ainda controlam a cidade.

Segundo testemunhas, a cidade está praticamente destruída depois dos combates, e muitos refugiados estão deixando a região.

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse ter recebido relatos de que regiões na Ossétia do Sul teriam sido alvo de "limpeza étnica". Segundo ele, o número de refugiados cresce, e o pânico é crescente na província.

O Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) disse ter recebido relatos de que há milhares de pessoas que tiveram de deixar suas casas.

Iraque

A Geórgia também anunciou que vai retirar mil soldados que estão no Iraque para ajudar a combater as forças russas na Ossétia do Norte.

"Nós já comunicamos nossos amigos americanos que vamos retirar metade do contingente do Iraque porque estamos sob agressão russa", disse Lomaia à Reuters. Segundo ele. vai ser necessária ajuda norte-americana para transportar as tropas por via aérea.

Tropas georgianas atacam a região separatista desde quinta-feira, com a ajuda de tanques e aviões de guerra. Segundo o presidente da Ossétia do Norte, Eduard Kokoity, o número de civis mortos chega a 1.400.

O ministério russo da Defesa disse que os reforços foram enviados à Ossétia do Norte para "proteger as tropas russas de paz e os cidadãos da Geórgia". Segundo a Rússia, 12 soldados russos morreram e 150 ficaram feridos nos conflitos. O governo da Geórgia informou ter abatido cinco caças russos, informação não confirmada pela Rússia.

Segundo fontes da Geórgia, a aviação russa também teria bombardeado a base militar de Kakha Lamaia, a 25 quilômetros de Tbilisi, capital do país.

Três pessoas morreram em outro ataque, ao aeroporto de Marneuli, segundo o Ministério do Interior.

A Rússia também informou que vai cortar todas as conexões aéreas com a Geórgia a partir deste sábado.

Veja a cronologia da crise na região

A crise com a Geórgia é a primeira que o novo presidente russo Dmitry Medvedev enfrenta desde que assumiu o cargo, em maio. Ela desperta temores de uma guerra na região, que está se tornando uma importante rota para o trânsito de energia. Tanto a Rússia quanto o Ocidente tentam influenciar a área.

Paralelamente ao conflito na Ossétia do Sul, a Geórgia aumentou seu contingente militar na fronteira com a região separatista de Abjasia, segundo a agência russa Interfax.

Repercussão diplomática

O Pentágono informou que está "monitorando de perto" a situação na Ossétia do Sul e que manteve contato com autoridades da Geórgia, mas não recebeu pedido de ajuda.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, pediu aos Estados Unidos que persuadam a Geórgia a parar com o que Moscou chamou de "agressão" contra a Ossétia do Sul

O ministério informou que Lavrov conversou três vezes com a secretária de Estado, Condoleezza Rice, por iniciativa dos Estados Unidos.

A União Européia pediu às partes em conflito o "fim imediato das hostilidades" e o íncio de uma cooperação "sem demora" com a missão da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) para retomar as negociações.

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