Uma semana após o terremoto que devastou o Haiti, apenas 9% do dinheiro pedido pela Organização das Nações Unidas (ONU) chegou de fato até ontem aos cofres da entidade para repasse imediato ao país caribenho - a entidade pediu US$ 575 milhões e recebeu US$ 51 milhões.
Depois do dinheiro, o principal problema é a administração do aeroporto de Porto Príncipe, realizada pelos Estados Unidos, e a disputa entre países pelo controle das operações. A França, por exemplo, exige que a ONU defina o papel dos norte-americanos e diz que "ajudar não é ocupar".
O resultado dos obstáculos tem sido uma limitação da ajuda ao país. "Não há sinais de uma distribuição significativa de ajuda" afirmou a entidade Médicos Sem Fronteira.
Ontem, a União Europeia (UE) anunciou a liberação do equivalente a US$ 616 milhões para o Haiti. Em euros, a doação foi assim dividida: 122 milhões em ajuda humanitária urgente, 107 milhões para a reconstrução imediata e mais 200 milhões para projetos de médio e longo prazos.
Na sede da ONU em Genebra, na Suíça, funcionários afirmam que há uma diferença entre promessas e depósitos. Além disso, a queixa é de que governos têm preferido usar o dinheiro em projetos individuais, e não em cooperação com a ONU. "O risco é de que, ao termos um projeto separado, acabaremos vendo uma duplicidade do trabalho", afirmou a porta-voz da ONU para Assuntos Humanitários, Elizabeth Byrs.
Nos bastidores da entidade, a cúpula está surpresa com a falta de resposta ao seu apelo por dinheiro. "15 dias depois do tsunami, 90% do dinheiro que pedíamos já estava depositado. Vamos ver o que ocorre com o Haiti", afirmou a porta-voz. No setor de alimentos, a ONU pedia US$ 246 milhões. Recebeu apenas US$ 19 milhões. Em saúde, o pedido era de US$ 82 milhões e recebeu US$ 2,2 milhões. Em vários itens, a conta da ONU ainda está vazia, como moradia.
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