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Abidjã - Helicópteros da ONU dispararam ontem mísseis contra um acampamento militar do presidente da Costa do Marfim, Lau­­rent Gbagbo, na cidade de Abidjã, a maior do país do oeste africano.

A ação é a segunda vez em pouco mais de duas semanas em que a ONU se alia a rebeldes para um ataque militar a um chefe de Estado. Na Líbia, uma aliança liderada por países ocidentais bombardeia tropas do ditador Muamar Kadafi com aval da organização. Em ambos os casos, a justificativa é a mesma: necessidade de proteger civis.

Gbagbo (pronuncia-se "bagbô’’) recusa-se desde novembro do ano passado a ceder o cargo para o oposicionista Alassane Ouattara, cuja vitória na eleição presidencial é reconhecida pela comunidade internacional.

Desde a semana passada, milícias leais a Ouattara avançaram rumo a Abidjã com o objetivo de depor o presidente à força.

O ataque da ONU foi liderado por franceses, que têm o principal contingente da força de paz da organização no país. A ação foi pedida pelo próprio secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

Há relatos conflitantes sobre o número de helicópteros na ação, variando de um a três. Teriam sido disparados quatro mísseis, e não há informações sobre vítimas.

"O país mergulhou na violência com grandes perdas para a população civil’’, declarou Ban.

A ONU tem 10 mil soldados no país desde 2004. Um porta-voz da organização declarou que uma resolução do Conselho de Segu­­rança aprovada na semana passada autoriza o uso de força para proteger civis.

A resolução prevê que sejam utilizados "todos os caminhos para cumprir o objetivo de proteger a população do perigo iminente de violência, o que inclui a proteção do uso de armamento pesado contra civis’’.

Segundo a missão de paz, Gbagbo preparava-se para um ataque em bairros residenciais em Abidjã antes de ser alvejado pelos mísseis.

No último fim de semana, no entanto, foram as forças ligadas a Ouattara que tiveram de responder a acusações de um massacre na cidade de Due­­koue (oeste). Alguns relatos falam em mais de mil mortos, número negado pelo líder oposicionista.

Naquele episódio, no en­­tanto, a ONU não tomou ne­­nhuma atitude, o que deu ar­­gu­­mento a partidários de Gbagbo de que haveria parcialidade da comunidade internacional.

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