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Energia

Opep mantém produção de petróleo no máximo, apesar de Chávez

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiu manter intacta a produção mundial, perto da sua capacidade máxima, rejeitando a proposta de corte feita pela Venezuela, interessada em um aumento dos preços.

O cartel teme que o petróleo a cerca de US$ 70 por barril acabará tendo efeito nocivo para os produtores, porque pode reduzir o crescimento econômico global.

- Não estamos confortáveis com os preços em tais níveis, porque eles não são apoiados pelos fundamentos e contêm em si as sementes de uma maior volatilidade, que afinal será em detrimento de todos - disse o nigeriano Edmundo Daukoru, presidente da Opep.

Com a produção no topo, a influência da Opep sobre o mercado mundial é limitada. Gargalos nas refinarias, a crise nuclear do Irã com o Ocidente, problemas de fornecimento no Iraque e na Nigéria e uma corrida dos investidores para as commodities vêm alimentando o aumento de preços.

O ministro saudita do Petróleo, Ali Al Naimi, disse que os mercados mundiais estão com "excesso de oferta e excesso de preços".

A Venezuela argumenta que os estoques mundiais de petróleo estão no azul e que a Opep deve considerar a redução da produção para evitar uma queda dos preços.

Em discurso aos ministros participantes, o presidente Hugo Chávez acusou os EUA de tentarem destruir a Opep, disse que a sociedade americana desperdiça energia e se referiu ao cartel como uma defesa do Terceiro Mundo contra o imperialismo.

- Durante um século demos petróleo para saciar a sede dos países desenvolvidos, enquanto os nossos povos na África, na Ásia e na América Latina mergulhavam no subdesenvolvimento, na miséria e no atraso - afirmou o presidente venezuelano.

Essa retórica deixa alguns membros desconfortáveis na Opep. Desde a década de 1970, o grupo se empenha para evitar questões políticas e para construir uma reputação mais profissional como fornecedor confiável de petróleo.

- Da perspectiva deles, não há por que politizar o petróleo, porque deixa seus clientes nervosos, o que por sua vez pode levar a políticas que reduzam ou restrinjam o crescimento da demanda por petróleo, o que não é dos interesses nacionais da Opep - disse o consultor Gary Ross, da PIRA Energy, de Nova York.

Chávez disse também que a Venezuela e outros membros da Opep cogitam converter parte das vendas de petróleo de dólares para euros, para se preservarem da desvalorização da moeda americana.

O ministro iraniano do petróleo, Kazem Vaziri-Hameneh, disse que seu país já está fazendo parte das exportações em euros.

A Venezuela tem nos EUA o seu maior mercado, mas pretende dobrar as vendas para a China e exportar também com a Europa, fazendo uma troca de mercados com a Rússia.

Embora Caracas tenha apoio do Irã para manter os preços elevados, os delegados da Opep dizem que a Arábia Saudita, líder no setor, e outros preferem o barril na faixa de US$ 50 a US$ 60.

Até agora a economia mundial se mostra surpreendentemente resistente à elevação de US$ 40 no preço do barril nestes três anos decorridos desde a invasão norte-americana no Iraque.

- Conforme os preços sobem, os riscos à economia global crescem, mas no momento os preços são um vento de proa para a economia, e não um muro - afirmou o consultor Ross.

As próximas reuniões da Opep estão marcadas para 11 de setembro em Viena e 14 de agosto em Abuja.

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