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Bolívia

Oposição controla Senado; Morales busca acordo

A oposição assumiu na quinta-feira o controle do Senado boliviano, num duro golpe para o governo de Evo Morales, que respondeu anunciando uma maior abertura ao diálogo na Assembléia Constituinte.

José Villavicencio, único senador do partido centrista Unidade Nacional (UN), do empresário Samuel Doria Medina, foi eleito presidente do Senado por um ano, sucedendo ao governista Santos Ramírez, após uma semana de votações inconclusivas.

Devido a um sistema que não tem relação direta com os resultados eleitorais, o Movimento ao Socialismo (MAS, de Morales) teve 54 por cento dos votos na eleição de 2005, mas conseguiu só 12 das 27 cadeiras no Senado. A aliança direitista Podemos tem 13 votos. Os outros dois senadores são da UN e do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR).

Na Câmara, o MAS tem uma sólida maioria e reelegeu o deputado Edmundo Novillo como presidente da Casa.

Ramírez, que havia presidido o Senado com apoio da UN e do MNR, disse em entrevista coletiva que o acordo da oposição representa o ``renascimento do neoliberalismo'', e prometeu uma ''firme luta em defesa das transformações que o governo impulsiona''.

Mas Doria Medina assegurou que a oposição não obstruirá as ações do governo no Senado. ``Não estamos para bloquear, e sim para trabalhar de maneira conjunta e levar adiante a mudança, de maneira democrática e com equilíbrio, sem imposições de nenhum lado'', disse o empresário à rádio Erbol.

Morales anunciou em entrevista coletiva que aceita a exigência oposicionista de que todos os artigos em debate na atual Assembléia Constituinte sejam aprovados por dois terços dos votos, assim como a própria Constituição resultante. Mas ele propôs referendos para definir questões sobre as quais não haja consenso entre governo e oposição.

``É um avanço importante, um sinal de flexibilidade que reconhecemos e que nos pode levar ao êxito constituinte'', disse o ex-presidente Jorge Quiroga, líder do Podemos.

Doria Medina saudou ``uma mudança de atitude do presidente e do MAS, [que] mostraram flexibilidade, e com isso se acabaram os problemas da Constituinte e se trabalhará num projeto consensual para terminar com a pobreza e as desigualdades no país'', afirmou.

Dirigentes do MNR e dos chamados ``comitês cívicos'' regionais, responsáveis por vários protestos contra o governo nos últimos meses, também elogiaram as concessões feitas por Morales na Constituinte.

Até agora, o governo impunha um sistema misto de votações na Constituinte, que alternava maiorias absolutas e maiorias por dois terços.

O MAS tem 142 dos 255 constituintes na Assembléia com a qual Morales pretende refundar o país, por intermédio de medidas ``antineoliberais'' e ``descolonizadoras''. A Constituinte deve concluir seus trabalhos até agosto.

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