O principal grupo da denominada "oposição interna" na Síria expressou neste sábado (14) um cauteloso otimismo com o desenvolvimento do cessar-fogo, e exigiu a retirada das tropas e das forças de segurança dos centros urbanos.
Em comunicado, a Instância de Coordenação Nacional (ICN), uma coalizão dos partidos políticos que inclui os curdos e figuras independentes, afirmou que "o cessar-fogo se mantém em geral, apesar das algumas violações em vários pontos em que ocorreram vítimas".
O grupo pede a todas as partes envolvidas no conflito e "especialmente às forças de segurança e às tropas do regime" que respeitem a cessação das hostilidades, e "retornem aos quartéis e posições para garantir a segurança" da população.
Por sua vez, o Movimento para a Construção do Estado sírio, um partido opositor formado recentemente pelo político e ativista Luay Hussein, disse que "os eventos dos últimos dois dias representam um alívio para a maioria dos sírios".
Além disso, este agrupamento assinalou que a nova situação "passa a sensação que uma solução política à crise é possível, embora persista a preocupação".
Em nota, o movimento criticou duramente o "terrível erro" cometido por ambos os grupos, que insistiram no levantamento armado e na violência, em referência à oposição no exílio, que apoia o rebelde Exército Livre Sírio (ELS), e ao regime.
A "oposição interna" e a "oposição no exílio", representada principalmente pelo Conselho Nacional Sírio (CNS), evidenciaram desde o início da revolta há mais de um ano diferenças para elaborar uma estratégia comum contra o regime de Bashar al Assad.
Desde a entrada em vigor do cessar-fogo na quinta-feira, a violência diminui na Síria, embora tanto as autoridades quanto os grupos de ativistas opositores acusam-se mutuamente de não cumpri-lo.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos e os Comitês de Coordenação Local denunciaram neste sábado de que a cidade de Homs (centro) foi alvo de bombardeios e que na sexta-feira as forças de segurança abriram fogo contra manifestantes.
A agência oficial "Sana" informou que "um grupo terrorista" sequestrou neste sábado um coronel do Exército em Hama (centro), assim como um candidato às eleições parlamentares e um civil em Idleb (norte).
Na véspera, a agência indicou que terroristas assassinaram um oficial na periferia de Damasco e um comandante em Hama.
O cessar-fogo faz parte do plano de paz do mediador internacional, Kofi Annan, que estipula ainda a libertação dos detidos arbitrariamente e garantir o abastecimento de ajuda humanitária, assim como a abertura de um diálogo político, entre outros pontos.
Estas declarações coincidem com a votação prevista para este sábado no Conselho de Segurança da ONU - que se reunirá às 12h (de Brasília) - de uma resolução que autorize o envio de uma equipe inicial de observadores à Síria para comprovar o cumprimento da cessação das hostilidades.
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