Desde dos atentados de 11 de Setembro, agências de inteligência dos EUA realizaram uma coleta maciça de dados de civis, organizações e governos, mas continuam incapazes de fornecer informações cruciais às autoridades para proteger o país contra ameaças terroristas, afirma um relatório sobre um orçamento do governo - obtido pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden e divulgado pelo "Washington Post" nesta quinta-feira (29).
O documento, de 178 páginas, mostra que apesar disso o governo tinha uma previsão de gastos na área de US$ 52,6 bilhões para 2013, detalhando no que o dinheiro seria gasto.
Após consultar especialistas de segurança do governo, o jornal decidiu publicar apenas parte do conteúdo do relatório, pois as informações poderiam colocar em risco métodos e fontes da inteligência. Segundo os dados, só a CIA teria uma previsão de gastos de US$ 14,7 bilhões para 2013, quase o dobro da verba prevista para a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês), que era considerada como a gigante dos gastos em espionagem antes da liberação dos documentos. O relatório detalha uma imensa estrutura, formada por 16 agências e 107 mil empregados - e uma verba igualmente imensa para mantê-la
"Nossos orçamentos são confidenciais porque poderiam revelar pistas para os serviços estrangeiros sobre nossas prioridades, capacidades e métodos", explicou ao "Post" o diretor nacional de inteligência, James Clapper Jr.
O documento indica também que Bradley Manning e Edward Snowden não seriam os únicos a vazar informações ou ameaçar o funcionamento das agências. Só neste ano, a NSA tinha planos de investigar ao menos 4 mil ameaças internas e suspeitas de que informações confidenciais poderiam estar sendo comprometidas por funcionários.
Outro dado que chama a atenção no relatório é que os EUA aparentam ter tanto interesse em espionar inimigos quanto os aliados. O Paquistão é descrito um "alvo insolúvel", enquanto Israel, Rússia, China e Cuba são considerados alvos prioritários. Os governos mais difíceis de espionar são apontados como os de Rússia, Irã e China, enquanto a Coreia do Norte apresenta um nível mediano, de acordo com o texto.
Apesar dos gastos, informações importantes para impedir radicais de perpetrarem ataques terroristas muitas vezes não conseguem chegar à Casa Branca ou ao Congresso por enfrentarem processos burocráticos, segundo o relatório.
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