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A presença da comu­ni­dade inter­­na­­cional no Haiti, para algumas pessoas, é a única forma de fazer o país andar. Essa é a opinião do presidente emérito do think-tank Inter-American Dialogue, Peter Hakim, que esteve em Porto Príncipe três vezes após o terremoto.

O que mudou estruturalmente no Haiti após o terremoto?

O país estava fazendo avanços lentos. Digamos que, um dia antes do terremoto, estava começando a melhorar. A segurança estava garantida por meio da ONU, não havia crise política, [o presidente René] Préval iria completar seu mandato em paz. E a economia não estava indo tão mal. Mas pessoas já eram pobres antes, e o terremoto balançou o que estava começando a melhorar.

Que fatores tornaram o país sui generis?

Sempre foi assim, desde a independência, quando os franceses impuseram grandes penalidades e coletaram muito dinheiro do país. Depois, o Haiti não foi muito aceito por outros países – o que foi somado à corrupção, tragédias, caudilhos... é difícil identificar na história haitiana algum investimento estrangeiro, ao contrário do que ocorreu do outro lado da ilha, na República Dominicana. Resumindo, é uma história trágica e nunca houve grandes oportunidades de desenvolvimento. É preciso comparar o PIB do Haiti ao de um país devastado por uma guerra na África, com a diferença de que não houve guerra.

Mas os US$ 11 bilhões prometidos em março de 2010 pela comunidade internacional ainda não chegaram...

Isso é injusto. Parte do dinheiro chegou. O socorro de resgate também foi bem feito, de acordo com relatos que ouvi. A infraestrutura do país ficou terrível, e portanto não dá para esperar muito mais, é difícil de explicar... as coisas não acontecem por lá. As ordens são dadas mas não são seguidas, ninguém faz nada... por isso muitos chamam o país de república de ONGs, porque só elas conseguem fazer alguma coisa.

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