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A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) assumiu o comando de todas as operações na Líbia às 3 horas (horário de Brasília) desta quinta-feira (31), informou um diplomata à France Presse. Desde 19 de março, o controle das ações estava com uma coalizão internacional. "A operação Protetor Unificado, fechada pelos países da aliança na noite de domingo, começou oficialmente nesta manhã, às 6 horas GMT (3 horas de Brasília), como planejado", afirmou a fonte. Anteriormente, a ação na Líbia era comandada por Estados Unidos, França e Reino Unido.
Segundo a BBC, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, informou que é contra a ideia de armar os rebeldes líbios. A ideia é contrária a do presidente norte-americano Barack Obama, que na terça-feira (29) chegou a considerar essa opção como tentativa de derrubar o governo de Muamar Kadafi.
Sob o comando da sede europeia da Otan, em Mons, na Bélgica, a operação é dirigida operacionalmente pelo centro de comando regional da aliança na cidade italiana de Nápoles. A aliança de 28 membros começou ontem a tomar o comando das operações de ataque aéreo, quando aviões de combate e outros equipamentos de vários aliados passaram ao seu controle.
Navios da Otan garantem um embargo de armas na costa líbia desde a semana passada. O espaço aéreo também é fiscalizado, para evitar que aeronaves do regime do governante Muamar Kadafi voem e possam atacar civis. A zona de exclusão aérea foi imposta por uma resolução do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), voltada para proteger civis.
A Otan concordou no domingo em ampliar sua missão, atacando forças que ameaçam os civis, após superar os temores da Turquia, único membro árabe da aliança, sobre os ataques aéreos e o desejo da França de seguir no comando dos ataques.
Hoje, o ministro da Defesa francês, Gerard Longuet, disse que seu país não planeja armar rebeldes que lutam contra as forças de Kadafi. Segundo ele, isso não seria compatível com a resolução da ONU sobre a Líbia.
União
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ressaltou que a comunidade internacional está unida ao tratar do conflito líbio. "Nós tivemos um encontro muito bom em Londres há dois dias, portanto a comunidade internacional está unida ao tratar desse tema", disse Ban durante uma visita a Nairóbi, no Quênia.
O ministro das Relações Exteriores da Líbia, Moussa Koussa, chegou a Londres na quarta-feira (30), após desertar do regime de Kadafi. O ex-ministro da Imigração líbio Ali Errishi disse hoje que essa saída mostra que o regime de Kadafi está "com os dias contados". Em entrevista à emissora de televisão France 24, Errishi disse que "este é o fim".
"É um revés para o regime e outros se seguirão", previu. "Eu sempre disse que éramos todos reféns em Trípoli. É incrível como o sr. Koussa conseguiu fugir do país", disse o ex-ministro, que abandonou o regime pouco após o início do levante contra o governo da Líbia, em meados de fevereiro. "Kadafi não tem mais ninguém. É só ele e seus filhos."
Koussa chegou a Londres vindo da Tunísia, após viajar "por sua própria vontade", disse a chancelaria britânica, acrescentando: "Ele disse a nós que está se demitindo de seu posto." Koussa é apontado como uma figura importante na Líbia em seus esforços para melhorar sua imagem internacional no momento de crise. Foi nomeado chanceler em março de 2009, após atuar como chefe da agência de inteligência da Líbia desde 1994. Errishi disse que Koussa pode ajudar os outros países, pois ele sabe "o que ocorre na Líbia, de onde eles conseguem armas", por exemplo.
O Ministério da Defesa britânico informou hoje que aviões de combate do país atacaram tanques, blindados e um posto de onde se lançavam mísseis terra-ar perto de Misurata, cidade onde rebeldes foram ontem expulsos por forças de Kadafi. Os rebeldes pediram mais ataques na área pelas forças estrangeiras, após se verem forçados ontem a uma caótica retirada.