Líbios em enterro de pessoas que foram mortas nos ataques aéreos, em Trípoli| Foto: Reuters

Os países membros da Otan concordaram na quinta-feira em controlar a zona de exclusão aérea sobre a Líbia a fim de proteger os civis das forças do líder líbio, Muamar Kadafi, mas não assumirão pleno comando das operações militares no país do norte da África.

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O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Anders Fogh Rasmussen, disse a repórteres após quatro dias de duras negociações que o mandato da aliança militar liderada pelos Estados Unidos não vai além da zona de exclusão aérea, embora a Otan também poderá agir em defesa própria.

Anteriormente, o chanceler da Turquia, Ahmet Davutoglu, havia dito que a Otan assumiria o comando de todas as operações militares da coalizão ocidental na Líbia.

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Questionado se a Otan seria capaz de atacar as forças terrestres ou tomar alguma ação contra Kadafi, Rasmussen disse que "neste momento, ainda haverá uma operação da coalizão e uma operação da Otan".

Ele acrescentou que as negociações sobre uma possível ampliação do papel da Otan continuavam, "mas que tal decisão ainda não foi tomada". Entretanto, haverá uma estreita coordenação para evitar conflitos.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que tem defendido os esforços do presidente Barack Obama para transferir a liderança da missão na Líbia dentro de dias, disse que a Otan está bem posicionada para assumir.

"A Otan é bem adequada para coordenar este esforço internacional e garantir que todos os países participantes trabalhem efetivamente juntos na direção de nossos objetivos comuns", disse Hillary após um acordo que, no entanto, parecia deixar grande responsabilidade sobre os ombros dos EUA.

Autoridades da Otan disseram que uma decisão era esperada até domingo sobre permitir a entidade a assumir o comando total das operações e atacar alvos em terra para proteger áreas civis sob ameaça das forças de Kadafi.

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Acrescentaram que as operações da aliança para cumprir a zona de exclusão aérea devem começar em até 72 horas.

Mais cedo, o chanceler turco disse a repórteres em Ancara, na Turquia, que "a operação será entregue completamente à Otan e haverá um único comando e controle".

A declaração dele foi feita depois de várias conversas por telefone entre Hillary e os ministros de Relações Exteriores de Turquia, França e Grã-Bretanha.

Antes, líderes turcos haviam demonstrado desconfiança sobre os motivos por trás da intervenção ocidental na Líbia, dando a entender que a ação era motivada pelo petróleo e riquezas minerais do país e não pelo desejo de proteger a população civil das forças de Kadafi.

O Parlamento turco aprovou, porém, a adesão do país à operação naval para implementar o embargo da Organização das Nações Unidas à venda de armas para a Líbia.

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A Turquia quer que a Otan comande a missão na Líbia a fim de conseguir limitar as operações aliadas contra a infraestrutura do país e evitar as mortes de civis muçulmanos que poderiam ocorrer como resultado de bombardeios.

Obama, que tenta desvencilhar seu país de duas guerras --no Iraque e Afeganistão-- insistia em transferir a responsabilidade da campanha para a Otan em dias, e não semanas.

A França, que iniciou no sábado a campanha de ataques aéreos ao lado de EUA e Grã-Bretanha, considera que a Otan deveria ter um papel técnico, enquanto um conjunto de países aliados, incluindo a Liga Árabe, exerceria o controle político.

No início da noite, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou que os Emirados Árabes Unidos irão contribuir com 12 aviões à força de coalizão, aumentando significativamente a participação árabe na campanha.

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