Exportação
Alimentos oriundos do Japão estão seguros
Londres - Os alimentos exportados pelo Japão devem estar seguros para consumo, apesar dos temores relacionados à eventual contaminação nuclear após o terremoto que atingiu o país, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). "Atualmente não há indicação de riscos para a segurança alimentar além das fronteiras por causa das importações de produtos do Japão", disse a FAO em comunicado sobre a crise. "As preocupações com a segurança alimentar estão restritas à comida da região afetada, no entorno do complexo nuclear de Fukushima."
Tóquio estabeleceu uma zona de isolamento nos arredores de Fukushima, mas observadores temem que a radiação se espalhe pela água, por exemplo, e contamine a cadeia de alimentos. A FAO evitou garantir que essa contaminação não ocorreu, mas afirmou que alimentos embalados e já exportados provavelmente não foram afetados.
"A superfície de alimentos como frutas e vegetais, ou ração animal, pode se tornar radioativa por meio do depósito de materiais radioativos que caem pelo ar ou pela água", explicou a agência da ONU.
Agência Estado
Tóquio - Grande parte do território do Japão está sob risco de um corte de energia elétrica em grande escala caso o consumo não seja reduzido. A advertência é do ministro da Indústria, Banri Kaieda, considerando a queda na produção das usinas nucleares.
A onda de frio no leste do país provocou um grande aumento do consumo de energia elétrica, apesar dos cortes planejados por região. A temperatura caiu muito desde quarta-feira à noite nas áreas abastecidas pela Tokyo Electric Power (Tepco), que explora as instalações nucleares de Fukushima, central que está à beira da catástrofe. A capital, Tóquio, não está fora da ameaça. Caso as empresas e os cidadãos não se esforcem ao máximo reduzir o consumo de energia elétrica, a grande metrópole corre o risco de ficar às escuras.
O governo pediu ontem às operadoras de trem da área de Tóquio que suspendessem o serviço na parte da tarde e que as empresas reduzissem o consumo, segundo o ministro Kaieda. A quatro dias do início da primavera, a temperatura na capital ficou próxima a 0ºC à noite.
O panorama fez com que duas operadoras de eletricidade japonesas passassem a fazer cortes no abastecimento, com duração entre três e seis horas, em parte do território, além de pedir que os japoneses reduzam o consumo, embora prejudique este esforço.
A área metropolitana de Tóquio é habitada por mais de 30 milhões de pessoas, que utilizam os trens para chegar a seus locais de trabalho, mas, desde a crise gerada pelo terremoto, muitas pessoas optaram por trabalhar de casa. Cerca de dez milhões de residências foram afetadas ontem pelos planos de cortes de energia da Tepco, segundo a agência local Kyodo.
Importação
Na avaliação de especialistas, o Japão precisa urgentemente importar carvão, gás natural liquefeito e produtos derivados do petróleo para restabelecer a produção de energia e evitar apagões, mas os danos aos tanques de armazenamento, portos e refinarias tornam o país incapaz de absorver todo o combustível e matéria-prima que os fornecedores estrangeiros possam querer enviar.
O país solicitou combustíveis à vizinha Coreia do Sul, buscou mais carregamentos de gás natural liquefeito e aumentou as compras no mercado de pronta entrega, enquanto procura por formas de reparar a destruição em sua infraestrutura.
"Acreditamos que a recuperação geral talvez não seja observada no Japão em questão de anos, já que a restauração total exigirá uma coordenação massiva passando por vários setores energia, indústria, residencial, comercial e infraestrutura pública", disse Erwin Chan, consultor da Facts Global Energy.
"O reinício das operações em alguns setores da produção poderá ser feito em questão de dias, mas atingir a produção dos níveis originais levará tempo", acrescentou.
O país será capaz de retomar a produção de derivados de petróleo de 3,4 milhões de barris por dia até o fim de março, num nível acima da demanda interna, quando as refinarias inativas retomarem a operação, mas as interrupções nas rotas de distribuição permanecem um gargalo importante, disse Akihiko Tembo, presidente da Associação do Petróleo do Japão.
Além dos problemas na produção de energia, o país enfrenta também dificuldades de abastecimento de produtos alimentícios e fornecimento de água potável.