A maioria dos países que participam da direção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aceitaram na quarta-feira arquivar o pedido iraniano de assistência técnica para um projeto nuclear, devido a temores de que o país esteja desenvolvendo armas atômicas.
O acordo deixa em aberto a possibilidade de rever o caso iraniano posteriormente, cedendo à preocupação dos países em desenvolvimento de que a decisão não sirva de precedente para a rejeição de futuros pedidos de assistência em projetos nucleares pacíficos, o que poderia aumentar a distância entre os que têm armas nucleares e os que não têm.
Habitualmente, a aprovação desses pedidos é mera formalidade na AIEA, mas o caso do reator iraniano de água-pesada de Arak provocou vários dias de discussões políticas.
Uma comissão técnica decidiu passar o caso à direção da AIEA, formada por 35 países, sem recomendar nenhum procedimento. A direção se reúne na quinta-feira.
Mas diplomatas disseram que a maioria dos países aceitou uma solução de compromisso, que adiaria, sem vetar totalmente, a ajuda para Arak. Outros sete pedidos de Teerã, considerados sem risco, devem ser aprovados.
Ao contrário do que acusam os EUA e seus aliados, o Irã diz que seu programa nuclear é exclusivamente voltado para a geração de energia e, no caso de Arak, para a produção de rádio-isótopos com fins hospitalares.
Delegados ocidentais alegaram que o pedido deveria ser rejeitado devido ao histórico do Irã de ocultar atividades estratégicas dos inspetores da AIEA e por ter desafiado a ordem do Conselho de Segurança da ONU para suspender as atividades de enriquecimento de urânio.
"Esperamos que a direção aprove amanhã todos [os 832] pedidos de assistência técnica [de 115 países da AIEA], exceto o item de Arak, mas incluindo outros itens na lista do Irã", disse um diplomata ocidental à Reuters.
Um diplomata do Movimento dos Países Não-Alinhados, ao qual o Irã pertence, disse que seus membros na direção insistirão em deixar o caso de Arak para o futuro. "Os europeus e norte-americanos dirão que é [uma suspensão] indefinida. Nós diremos que não. Mas é possível driblar essas questões."
Um outro diplomata ocidental disse que, com o acordo, nada impede o Irã de solicitar novamente a ajuda em 2008. "Se estivermos ainda na mesma situação que hoje com o Irã, não imagino que seja aprovado então."
Um funcionário iraniano disse, sob anonimato, que a rejeição ao pedido não é grave, pois o tema voltará a ser considerado no futuro. Ele acusou o Ocidente de prejudicar a causa mundial da segurança nuclear para fazer uma afronta política a Teerã.
O Irã pretende que o reator de Arak esteja em funcionamento em 2009, com ou sem ajuda da AIEA.
Analistas ocidentais dizem que seria possível que o Irã produzisse rádio-isótopos também com reatores modernos de água-leve, que ao contrário dos reatores de água-pesada não permitiriam o desvio de plutônio para fins militares.
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