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A África do Sul está enviando mais médicos militares para sua fronteira norte, a fim de tratar zimbabuanos vítimas do cólera que fogem do país em busca de ajuda. O anúncio do reforço foi feito pelo governo sul-africano nesta sexta-feira (5). Enquanto o Zimbábue entra em colapso, aumentam as críticas ao regime do presidente Robert Mugabe, no poder há 28 anos. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, criticou nesta sexta-feira (5) Mugabe e pediu sua renúncia. O arcebispo sul-africano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, também criticou Mugabe na quinta-feira, sugerindo inclusive a força militar para derrubá-lo.

O cólera é uma doença gastrointestinal que pode ser prevenida e curada facilmente. Porém os sistemas médico e de tratamento de água praticamente desapareceram do Zimbábue. O desastre, relacionado com o impasse político e a grave crise econômica no país, gerou temores de uma epidemia regional da doença, e também novos pedidos para que o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, deixe o cargo, após 28 anos no poder.

A imprensa estatal zimbabuana afirmou na quinta-feira que foi decretado estado de emergência de saúde nacional. As Nações Unidas estimam que o cólera matou pelo menos 575 pessoas no país desde agosto. No mesmo período, 12.700 pessoas contraíram a doença, aponta a ONU.

Agências humanitárias afirmam que é provável que muitos zimbabuanos possam ter adoecido e morrido em casa, tornando-se vítimas não contabilizadas. Entre as entidades que denunciaram que o problema deve ser muito superior ao registrado oficialmente está a respeitada Oxfam, da Grã-Bretanha.

Um porta-voz do governo sul-africano disse que o país também estava enviando água potável e outros itens para o Zimbábue. Em Moçambique, outro vizinho do Zimbábue, as autoridades de saúde lançaram um alerta máximo, na tentativa de evitar que o cólera se espalhe pelo país.

Críticas, crise e desespero

A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, pediu nesta sexta-feira que Mugabe deixe o poder. Condoleezza qualificou as negociações entre governo e oposição para dividir o poder como "farsa". Na Holanda, o arcebispo Desmond Tutu também criticou o líder zimbabuano.

"Já passou a hora de Mugabe partir", afirmou a norte-americana em visita a Copenhagen. "Eu acho que isso agora é óbvio."

Mugabe e o líder oposicionista Morgan Tsvangirai firmaram um acordo para a divisão do poder em setembro. Porém o pacto não foi na prática implementado, por causa de um impasse sobre quem ocuparia os principais ministérios.

Mugabe está no poder desde 1980, ano da independência do Zimbábue. O país sofre com sérios problemas econômicos, entre eles a maior inflação do mundo, e também com uma epidemia de cólera que já deixou pelo menos 560 mortos.

"Se eles disserem a ele 'renuncie', e ele se recusar, eles deveriam prosseguir...militarmente", afirmou Tutu, prêmio Nobel da Paz. O religioso sul-africano é arcebispo anglicano aposentado. "Ele está destruindo um país maravilhoso", atacou.

Um pedido de intervenção militar do pacifista Tutu parece uma iniciativa para chamar a atenção para o desespero no Zimbábue. A crise no país se aprofundou a partir do ano 2000, quando Mugabe tomou terras de fazendeiros brancos para a reforma agrária, em uma medida que acabou desestabilizando a economia. Mugabe afirma que sua intenção era ajudar os pobres, mas a maior parte das terras ficou com pessoas ligadas ao líder.

Tutu disse que a União Africana e nações do sul da África têm capacidade militar para depor Mugabe. Para o religioso, outra alternativa seria um processo na Corte Criminal Internacional, em Haia. A corte é o primeiro tribunal permanente para crimes de guerra e investiga o Zimbábue. O regime de Mugabe, porém, não reconhece a instituição.

As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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