Doadores internacionais começaram na segunda-feira a fazer promessas de ajuda para a reconstrução da Faixa de Gaza e a recuperação da economia palestina, num valor que deve superar os US$ 3 bilhões. Os participantes, no entanto, mantiveram o distanciamento em relação ao grupo islâmico Hamas, que governa a região.

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Durante conferência realizada no balneário egípcio de Sharm El Sheikh, a ONU e várias agências humanitárias disseram que a reconstrução de Gaza continuará sendo muito difícil enquanto as fronteiras do território continuarem fechadas. A infraestrutura local foi devastada nos 22 dias da ofensiva israelenses de dezembro e janeiro.

"A situação nos acessos fronteiriços é intolerável. Trabalhadores humanitários não têm acesso. Produtos essenciais não conseguem entrar", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, na reunião de segunda-feira.

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"Nossa meta primeira e indispensável, portanto, é abrir os acessos. Pela mesma moeda, entretanto, é essencial garantir que armas ilegais não entrem em Gaza", afirmou.

Israel e o Hamas não participaram da conferência, convocada pelo Egito. O Estado judeu diz apoiar os esforços internacionais para ajudar os palestinos, desde que o Hamas não se beneficie com dinheiro ou armas.

"Definitivamente não queremos ver a boa-vontade da comunidade internacional ser explorada pelo Hamas e servir aos propósitos extremistas do Hamas", disse Mark Regev, porta-voz do governo israelense.

A ofensiva militar em Gaza matou 1.300 palestinos, a maioria civis. No lado israelense, o conflito deixou 13 mortos, sendo a maioria soldados.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, que é rival do Hamas, esperava arrecadar 2,78 bilhões de dólares em doações, sendo 1,33 bilhão para a Faixa de Gaza. Mas as promessas a serem possivelmente feitas por Estados Unidos, Comissão Europeia e países árabes do golfo Pérsico já superam aquele valor.

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PRISÃO A CÉU ABERTO

O Ocidente isola o Hamas porque o grupo islâmico se recusa a reconhecer Israel, renunciar à violência e se comprometer com acordos de paz com o Estado judeu.

Por outro lado, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, pressionou Israel a abrir as fronteiras e permitir o acesso de produtos essenciais. "Gaza não deveria ser uma verdadeira prisão a céu aberto", disse ele em entrevista coletiva.

Israel impõe um bloqueio econômico a Gaza desde que o Hamas assumiu o controle do território, em junho de 2007. Para o processo de reconstrução, o governo israelense diz que exigirá aprovações e garantias específicas de que cada projeto não poderá beneficiar o Hamas.

O Egito, que também faz fronteira com Gaza, se recusa a abrir a fronteira de Rafah ao tráfego normal - aceita apenas um acesso limitado.

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Sarkozy também conclamou os grupos palestinos rivais a superarem suas divisões. Os grupos palestinos, inclusive o Hamas e a facção laica Fatah, de Abbas, aceitaram na semana passada negociar um governo de unidade nacional que prepare a realização de eleições legislativas e presidenciais na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, deve prometer 300 milhões de dólares para a reconstrução de Gaza e 600 milhões para cobrir déficits orçamentários da Autoridade Palestina, promover reformas econômicas, melhorar a segurança e apoiar projetos da iniciativa privada que sejam administrados pela Autoridade Palestina.

Ela foi enfática no sentido de que a verba, a ser aprovada pelo Congresso dos EUA, não pode ir para o Hamas.

"Temos trabalhado com a Autoridade Palestina para instalar salvaguardas que irão garantir que nossa verba só seja usada onde e para quem se destina, e não termine em mãos erradas", disse ela.

A Comissão Europeia (Poder Executivo da União Europeia) anunciou na semana passada a intenção de doar 436 milhões de euros (552,6 milhões de dólares), também destinados à reconstrução de Gaza e a reformas na Autoridade Palestina.

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Países árabes do golfo Pérsico pretendem destinar 1,65 bilhão de dólares em ajuda a Gaza ao longo de cinco anos. Eles disseram que outros países árabes poderão aderir ao plano.

Não está claro ainda se Israel abrirá as fronteiras para a passagem de enormes quantidades de material necessário para a reconstrução, como cimento e aço. Israel rejeita a entrada de materiais que supostamente poderiam ser usados na produção de foguetes dos militantes.

"O dinheiro é importantíssimo, mas não irá resolver o problema se não houver pressão da comunidade internacional sobre Israel para abrir todos os acessos a Gaza", disse Gasser Abdel-Razek, porta-voz da ONG Oxfam International.