Especialistas que negociam um novo acordo para o clima disseram nesta sexta-feira que apesar das baixas expectativas, ainda é possível concluir um forte pacto entre as 192 nações do mundo para definir o trabalho futuro na luta contra o aquecimento global.
Os países mais vulneráveis à mudança climática disseram se sentir exasperados que os países ricos estejam repensando o prazo para concluir um tratado comprometedor.
Os delegados gastaram o último dia das conversações das Nações Unidas sobre o clima, na Espanha, forçando o rascunho de um acordo no qual os países mais ricos terão um compromisso duro para reduzir as emissões de poluentes e ajudarão os mais pobres com recursos financeiros, que deverão ser gastos para enfrentar as mudanças climáticas.
A ideia da conferência sobre o clima das Nações Unidas, que acontecerá no próximo mês em Copenhague, terminar com um pacto político de intenções, ao invés de um tratado que obrigue as nações a cumprirem metas, desapontou países em desenvolvimento que já sofrem secas e enchentes severas, além de outras catástrofes atribuídas ao aquecimento.
A mudança se segue ao reconhecimento de que vários países, incluídos os Estados Unidos, podem não estar politicamente prontos para assinar um tratado formal no próximo mês.
Yvo de Boer, o funcionário das Nações Unidas que dirige as negociações, assegurou que os delegados ainda tentam alcançar um acordo significativo que estabelecerá metas específicas.
Os países deverão concordar em se fixar às suas promessas enquanto negociam os detalhes do tratado, o que poderá levar mais um ano.
"Os governos podem entregar um forte acordo em Copenhague e nada mudou minha confiança sobre isso", disse de Boer. Enquanto ele disse que não poderá garantir que as promessas não serão quebradas, será complicado para os países em desenvolvimento não cumprirem os compromissos escritos que fizerem em Copenhague.
O acordo poderá tomar a forma de decisões por consenso, incluído um comunicado de objetivos de longo prazo, bem como uma série de decisões suplementares que incluirão transferência de tecnologia, recompensas por interromper o desmatamento e a construção de infraestrutura nos países pobres para que eles se adaptem ao aquecimento global, disse de Boer.
Ele disse estar observando os Estados Unidos para anunciar um alvo claro de redução das emissões para 2020. "Um número do presidente dos EUA terá um peso enorme", disse.
Um projeto de lei foi enviado ao Congresso dos EUA, com diferentes metas para reduzir emissões de carbono. Jonathan Pershing, chefe da delegação americana nas negociações sobre o clima, não quis dizer se os EUA estarão prontos para fixar um alvo já no acordo de Copenhague.
Ao mesmo tempo, o presidente dos EUA, Barack Obama, tem autoridade para comprometer o país sem a aprovação do Congresso, mas "uma decisão sobre o que faremos ou não ainda não foi tomada", disse Pershing.
O Protocolo de Kyoto de 1997 irá expirar em 2012. A menos que um tratado já esteja em vigor, nenhuma regulamentação sobre emissões de poluentes existirá, o que ameaça o caos entre as indústrias que também dependem das regras para o desenvolvimento das atividades empresariais.
Mais “taxa das blusinhas”? Alta do ICMS divide indústria nacional e sites estrangeiros
O que propõe o acordo UE-Mercosul, desejado por Lula e rejeitado por agricultores europeus
O ataque grotesco de Lewandowski à imunidade parlamentar
Marcos Pereira diz que anistia a réus do 8/1 não deve ser votada agora para não ser derrubada no STF