O custo de uma pandemia de gripe pode chegar a US$ 800 bilhões, estimou o Banco Mundial nesta segunda-feira, ao apresentar um plano de ajuda aos países afetados pelo vírus de influenza aviária H5N1. O cálculo do prejuízo deixado por uma eventual pandemia equivale a 2% do PIB mundial.
Jim Adam, um alto representante do Banco Mundial presente a uma reunião internacional de três dias, em Genebra, sobre a crise da gripe aviária, disse que a instituição planeja estabelecer um programa de US$ 1 bilhão para ajudar países a combater o vírus H5N1. Metade seria paga em empréstimos e garantias de longo prazo. O restante, através de um fundo financiado por doadores.
- Estamos falando de cerca US$ 500 milhões comprometidos pelo banco e em trabalhar depois para mobilizar quantia similar na comunidade de doadores - disse Adams, vice-presidente de política de operações e serviços a países. - Nosso compromisso inicial seria na forma de doações e empréstimos, dependendo do país envolvido. Os países mais pobres receberiam doações; os países numa condição melhor receberão empréstimos em termos comerciais, mas tudo isso no longo prazo.
Cerca de 400 representantes das áreas de saúde pública humana e veterinária estão reunidos em Genebra para traçar uma estratégia que impeça o H5N1, endêmico em aves de boa parte da Ásia, de desencadear uma pandemia de gripe humana que poderia matar milhões.
Apesar do alerta do Banco Mundial, diretores de bancos centrais de todo o mundo afirmaram nesta segunda-feira que não há necessidade de um plano de emergência, além dos já existentes, para fazer com que os mercados não sejam afetados por uma pandemia da gripe aviária. Jean-Claude Trichet, diretor do grupo de bancos centrais do G10, disse que uma ameaça em potencial da doença ainda não foi incluída na agenda do grupo, reunido em um encontro regular para discutir a economia mundial.
- Acho que seria bom não nos deixarmos ser influenciados por um evento único como esse - afirmou o vice-diretor do Bancon Nacional Suíço, Niklaus Blattner, que participa do encontro. - O plano de emergência é um elemento fixo e não depende de um evento específico. Nós, como indivíduos ou companhias, temos a responsabilidade de garantir que os planos comerciais tenham continuidade, que as operações chave sejam mantidas sob diferentes condições.
Os diretores de bancos centrais dizem ter discutido a questão apenas informalmente entre eles. Nenhum dos integrantes do grupo manifestou uma preocupação com a possibilidade de a doença ser uma ameaça ao crescimento global.
O vírus H5N1 matou 63 pessoas desde que ressurgiu na Ásia em 2003. Cento e 50 milhões de aves tiveram que ser sacrificadas.
Além de milhões de mortes, uma pandemia de gripe pode prejudicar seriamente o comércio internacional e a economia mundial.
Num relatório sobre a ameaça da gripe aviária, o Banco Mundial disse que uma perda de 2% do PIB mundial durante uma pandemia de influenza representaria prejuízos de US$ 200 bilhões em um trimestre e de US$ 800 milhões em um ano.
- É razoável presumir que o choque de uma pandemia de gripe possa ser ainda maior e mais duradouro do que o da Sars (síndrome respiratória aguda grave) - disse Milan Brahmbhatt, economista chefe do Banco Mundial para Ásia e Pacifico. - Em adição a esses custos imediatos, uma pandemia também poderia resultar numa grande perda do potencial de produção mundial, através de uma redução do tamanho e da produtividade da força de trabalho, devido a adoecimento e morte.
O relatório do Banco Mundial diz que um estudo de pandemias anteriores de gripe sugere que uma nova pandemia vá resultar em 100 mil a 200 mil mortes apenas nos Estados Unidos - o que se traduziria em prejuízos econômicos de US$ 100 bilhões a US$ 200 bilhões para o país. Isso inclui 700 mil ou mais internações, até 40 milhões de consultas e 50 milhões de casos adicionais.
"Se extrapolarmos dos EUA para todos os países ricos, poderia haver uma perda de US$ 550 milhões em valores atuais. A perda para o mundo seria, é claro, significativamente maio, por causa do impacto sobre o mundo em desenvolvimento", diz o relatório.
Também nesta segunda-feira, os laboratórios farmacêuticos também se comprometeram a aumentar sua capacidade de produção para lutar contra uma possível pandemia de gripe humana, mas afirmaram que precisarão de apoio dos governos. Representantes das indústrias pediram uma coordenação maior entre laboratórios, governos e agências nacionais durante o encontro da OMS.
- A indústria não poderá fazer isso sozinha, só poderemos fazê-lo com os serviços públicos de saúde - afirmou Bram Palache, representante das indústrias.
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