Idosos agasalhados em cadeiras de rodas, carregando cobertores, receberam a benção entre 60 mil fiéis presentes| Foto: Alberto Pizzoli/Reuters

O Papa Bento 16 ungiu e orou por dez doentes, nesta segunda-feira (15) durante, sua missa final no santuário de Lourdes, no norte da França, cujas águas têm a reputação de realizar curas milagrosas

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Pacientes em macas e idosos em cadeiras de rodas, muitos agasalhados com cobertores contra o frio da manhã, se juntaram a uma platéia estimada em mais de 60 mil fiéis do lado de fora da basílica, construída sobre a gruta onde se diz que a Virgem Maria teria aparecido em 1858.

Embora Lourdes seja conhecida pelos 67 milagres que a Igreja Católica diz que ocorreram, Bento 16 não fez menção a eles em seu sermão de devoção a Maria. A unção com óleo consagrado objetiva trazer a cura espiritual, disse ele.

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"Cristo não cura no sentido mundano", explicou o pontífice nascido na Alemanha em seu sermão. "A presença de Cristo chega para romper o isolamento induzido pela dor. O homem não carrega mais seu fardo sozinho."

Entre os dez enfermos que ungiu, Bento se dirigiu a oito em francês, um em inglês e um em alemão. Somente três estavam bem o suficiente para caminhar sem ajuda e se ajoelhar diante do papa enquanto este lhes aplicava óleo na testa e nas mãos.

Bento 16 voltou para Roma depois da missa, ao final de uma visita de quatro dias durante a qual estimulou um papel maior para a fé na vida pública francesa e disse aos bispos do país que abram mais espaço em suas igrejas para católicos tradicionalistas.

Seus apelos por mais tolerância na laicidade, a separação entre Igreja e estado que praticamente afasta a religião de questões públicas, ecoou os do presidente Nicolas Sarkozy, mas deu ensejo a críticas de secularistas que se opõem a mudanças.

As missas do papa e as rezas durante a viagem de quatro dias, programada para comemorar o 150 aniversário da aparição da Virgem de Lourdes, exibiram toques do catolicismo mais tradicional que Bento 16 tem enfatizado em seu papado.

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Em comparação às missas celebradas por seu antecessor João Paulo 2º, que visitou a região pela última vez em 2004, havia mais orações em latim. Mais objetos antiquados, como cálices e castiçais, foram usados durante a liturgia.

Os bispos franceses estiveram entre os mais críticos de um decreto do ano passado pelo qual Bento 16 permitiu o uso mais frequente da velha missa Tridentina, o serviço em latim praticado há séculos e preferido pelos tradicionalistas da igreja.

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