Papa Francisco revela que, apesar da vida atribulada, consegue dormir bem.| Foto: ANDREAS SOLARO/AFP

O papa Francisco assegurou que seu espírito está em paz desde sua eleição ao pontificado e que não precisa recorrer a medicamentos. “Não, eu não tomo comprimidos tranquilizantes! Os italianos dão um bom conselho: para viver em paz é necessária uma saudável indiferença. Em Buenos Aires eu era mais ansioso, admito”, declarou o papa em um encontro com autoridades de congregações religiosas e publicado nesta quinta-feira (9) pelo jornal italiano Corriere della Sera.

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Pela primeira vez desde que se tornou papa, Francisco mencionou o peso que representa um dos grandes males internos do Vaticano, a corrupção, e sobre como lida com isso. “Há corrupção no Vaticano. Mas eu estou em paz”, disse.

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A ansiedade e a tensão que, por vezes, o tomavam quando era arcebispo de Buenos Aires desapareceram depois de sua eleição ao papado, em 13 de março de 2013, garante Jorge Bergoglio. E assegura ainda que as manobras dos conservadores que se opõem ao seu tom e às suas reformas não o impediam de dormir. “São José me guarda”, afirma.

O papa explica confiar seus problemas mais complicados em pequenos bilhetes que ele desliza sob uma pequena estátua do carpinteiro que criou Jesus de acordo com os Evangelhos. O objeto repousa agora sob um colchão de mensagens.“É assim que eu durmo bem. É a graça de Deus. Durmo seis horas todos os dias. E eu rezo”, disse o pontífice argentino, de 80 anos, antes de enumerar: breviário, rosário, missa diária...

Durante a conversa com os religiosos, Francisco ressaltou que em certas ocasiões é preciso “deixar passar” e que as críticas, “quando servem para fazer crescer, as aceito e respondo”, afirmou. “Eu não tomo medicamentos ansiolíticos”, insiste. “Os italianos dão um bom conselho: para viver em paz, precisamos de uma boa dose de ‘eu não estou nem aí’“, aconselha.

Pedofilia

As autoridades religiosas, o papa pediu que encarem o fenômeno da pedofilia e dos abusos sexuais de crianças como se fosse uma doença. “Vamos enfrentá-lo. É uma doença. Se nós não nos convencermos de que é uma doença, não poderemos resolver o problema”, disse o papa. “Aparentemente, dois em cada quatro pedófilos sofreu abusos e isso é devastador”, comentou.

Francisco também solicitou mais atenção na seleção dos candidatos a ser religiosos para conter o fenômeno, que tanto desacreditou a igreja católica. “Temos de verificar a maturidade emocional” de qualquer candidato, considerou. “Por exemplo, não se deve receber para a vida religiosa ou em uma diocese candidatos que tenham sido rejeitados em outra sem pedir informações detalhadas sobre o por que de terem sido afastados”, aconselhou.

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