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O papa Bento 16 exortou os cubanos nesta quarta-feira a buscar uma "liberdade autêntica" e pressionou o governo comunista para que deixe a Igreja Católica ensinar religião nas escolas e universidades.
O pontífice de 84 anos celebrou uma missa campal para uma multidão estimada em 300 mil pelo Vaticano na Praça da Revolução de Havana, no ápice de uma viagem que começou com uma crítica ao comunismo e terminará depois de uma visita ao líder revolucionário Fidel Castro.
A multidão começou a se formar durante a noite para ouvir o líder de 1,2 milhão de católicos do mundo na praça que Fidel, agora com 85 anos, usava para fazer longos discursos reunindo multidões.
A praça, sem árvores, é dominada por imagens gigantescas dos revolucionários Ernesto "Che" Guevara e Camilo Cienfuegos, instaladas nos prédios ao seu redor.
O papa leu um sermão que reafirmou os principais temas de sua viagem: que Cuba deve construir uma sociedade mais aberta, baseada na verdade, na justiça e na reconciliação.
"A verdade é um desejo da pessoa humana, a busca pela qual sempre se supõe o exercício da autêntica liberdade", afirmou ele.
Em uma aparente alfinetada ao marxismo, ele também disse que alguns "interpretam erroneamente essa busca pela verdade, levando-os à irracionalidade e ao fanatismo; eles se fecham nas 'verdades deles' e tentam impô-las aos outros".
Bento 16 também fez uma aparente referência às tensas relações de Cuba com os Estados Unidos, que impuseram um embargo econômico à ilha há 50 anos.
"Cuba e o mundo precisam mudar, mas isso ocorrerá apenas se cada um estiver em uma posição para buscar a verdade e escolher o caminho do amor, semeando reconciliação e fraternidade", disse.
O local estava lotado de pessoas acenando com bandeiras de Cuba e usando chapéus e segurando sombrinhas para se proteger do sol. Quando Bento 16 chegou no papamóvel, eles saudaram com entusiasmo o sucessor do popular papa João Paulo 2º, que fez uma viagem histórica a Cuba em 1998 e discursou na mesma praça.
Usando vestimentas de cor púrpura, Bento 16 listou uma série de direitos que a Igreja ainda não tem em Cuba, bem diante do presidente Raúl Castro, o irmão mais novo de Fidel, que estava sentado na primeira fila.
Os dois irmãos Castro foram educados pela ordem católica dos jesuítas.
Embora o papa tenha reconhecido "com alegria" as grandes melhorias desde a visita de João Paulo 2º, ele acrescentou: "Entretanto, isso precisa continuar e eu desejo encorajar as autoridades governamentais do país a fortalecer o que já foi alcançado e avançar nesse caminho."
Os fiéis podem ser "ao mesmo tempo cidadãos e religiosos", garantiu o papa ao governo, acrescentando que o fortalecimento da liberdade religiosa consolida os laços sociais.
"É por isso que a Igreja procura dar testemunho por sua pregação e ensino, tanto na catequese como nas escolas e universidades", disse.
No fim da missa, Raúl foi convidado ao altar e os dois se cumprimentaram sob aplausos da multidão. O papa também se encontrou com Fidel após a missa em Havana, confirmou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
Em artigo publicado na terça-feira pela imprensa estatal, Fidel disse que teria um breve encontro com o pontífice alemão antes de o líder católico voltar a Roma.
"Com prazer, vou saudar sua excelência, o papa Bento 16, como fiz com João Paulo 2º", escreveu Fidel, acrescentando que decidiu solicitar "alguns minutos do ocupadíssimo tempo dele quando soube pela boca do nosso chanceler Bruno Rodríguez que um contato modesto e simples agradaria (ao papa)".
Em conversa na terça-feira com Raúl, o papa solicitou ao governo comunista que faça da Sexta-Feira Santa um feriado nacional. Em 1998, antes da histórica visita do papa João Paulo 2º ao país, Fidel reabilitou o feriado do Natal.
O Vaticano disse ter feito também várias "solicitações humanitárias", as quais não detalhou, mas que possivelmente têm a ver com presos políticos ou com a situação do norte-americano Alan Gross, que cumpre pena de 15 anos de prisão em Cuba por instalar ilegalmente redes de Internet.
Num momento em que as relações entre Igreja e Estado estão no seu melhor momento desde a Revolução de 1959, Bento 16 não se intimidou em cutucar o regime comunista em alguns pontos sensíveis.
No voo que o levou ao México, etapa anterior de sua viagem, na sexta-feira, o papa disse que o comunismo "não corresponde à realidade" e que Cuba precisa de um novo modelo econômico.
Sua missão de segunda-feira à noite em Santiago de Cuba, no leste da ilha, começou com um homem na plateia gritando "abaixo o comunismo" e sendo retirado por seguranças.
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