O papa Bento 16 convocou os bispos do Oriente Médio para discutir como enfrentar a redução no número de cristãos na região, como proteger as minorias e como promover a harmonia com seus vizinhos muçulmanos.

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A partir de domingo, e durante duas semanas, o sínodo irá discutir questões como o conflito israelo-palestino, a instabilidade no Iraque, o radicalismo islâmico, a crise econômica e as divisões entre as muitas Igrejas cristãs da região.

Os participantes são todos de Igrejas locais subordinadas ao Vaticano, mas o contínuo êxodo de cristãos de todas as denominações -- católicos, ortodoxos e protestantes -- leva os bispos a examinarem de forma mais ampla os desafios enfrentados por todos os seguidores de Jesus no Oriente Médio.

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As condições variam de país para país, mas em geral o quadro é dramático para os cristãos, que constituíam cerca de 20 por cento da população da região há um século, e hoje são apenas 5 por cento, uma cifra que continua caindo.

"Se este fenômeno continuar, o cristianismo no Oriente Médio vai desaparecer", disse o reverendo Samir Khalil Samir, um jesuíta egípcio radicado em Beirute e que participou da redação dos documentos de trabalho que servirão de base para as discussões no Vaticano.

"Esta não é uma hipótese irreal. A Turquia passou de 20 por cento de cristãos no começo do século 20 para 0,2 por cento agora", afirmou ele a jornalistas em Paris. No Iraque, acrescentou, o êxodo cristão desde a invasão norte-americana de 2003 "pode fazer a Igreja se esvair".

Os especialistas envolvidos nos preparativos do sínodo defendem amplas mudanças sociais no Oriente Médio, que deem espaço para governos laicos e democráticos e para a cooperação inter-religiosa. "O que está em questão é a renovação da sociedade árabe", disse Samir, lembrando que a maioria dos cristãos da região também se identifica como árabe.

Segundo ele, muitas sociedades do Oriente Médio reagem às pressões modernizantes e ocidentalizantes fundindo as identidades árabe e muçulmana, o que reduz a liberdade religiosa para as minorias não-islâmicas.

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O documento-base diz que "os católicos, junto com outros cidadãos cristãos e pensadores e reformistas muçulmanos, deveriam ser capazes de apoiar iniciativas que examinem minuciosamente o conceito de 'secularismo positivo' do Estado."

"Isso poderia ajudar a eliminar o caráter teocrático do governo e permitir uma maior igualdade entre cidadãos de diferentes religiões, estimulando assim a promoção da democracia sã, positivamente laica em sua natureza", diz o texto.