O papa Bento 16 condenou o tráfico de órgãos humanos, chamando-o de ato abominável na sexta-feira, e pediu cautela na hora de remover órgãos para transplantes, pois os doadores podem ainda não estar mortos.

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O pontífice disse, em um encontro de cientistas e bioéticos na Academia Pontifícia pela Vida, que as vítimas do tráfico ilegal de órgãos geralmente são pessoas inocentes, inclusive crianças.

A compra e venda de órgãos humanos é um negócio lucrativo para os fornecedores e países que permitem que "turistas de transplante" estrangeiros façam operações que não poderiam fazer em casa. Os órgãos são comumente comprados de camponeses pobres e de prisioneiros condenados.

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"Os abusos no transplante e tráfico de órgãos, que geralmente vitimizam pessoas inocentes como as crianças... devem ser condenados decididamente como abominações", disse.

O papa chamou a doação legal de órgãos de ato de amor e disse que há longas listas de espera por órgãos vitais.

A ciência ajudou a determinar melhor o momento da morte, afirmou o papa, e os cientistas devem continuar trabalhando para torná-lo ainda mais preciso.

"Não deve haver a menor suspeita de arbitrariedade. Onde não for possível verificar, o princípio da precaução deve prevalecer", afirmou.

Autoridades de saúde estimam que 10 por cento dos rins transplantados no mundo todo são obtidos ilegalmente. O restante vem de doadores com morte cerebral ou pessoas que doam um dos rins a um parente.

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No discurso, o papa não discutiu a concepção da Igreja sobre o momento da morte, algo que os bioéticos querem delimitar a fim de evitar abusos.

Um artigo recente no jornal L'Osservatore Romano, do Vaticano, desafiou o consenso médico de que a morte cerebral marca o fim da vida de alguém. Já que o cérebro pode morrer antes de outros órgãos, isso permite que os órgãos sejam retirados para transplante.