O Papa Bento XVI disse na quinta-feira que nem ele é capaz de fazer tudo o que se espera dele e aconselhou padres alemães a não se deixarem consumir tentando compensar a escassez de clérigos católicos.

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Em seu primeiro discurso de improviso nos seis dias de viagem, o Papa, de 79 anos, disse que a Igreja não pode simplesmente colocar anúncios procurando padres -- tem de rezar para que Deus os chame.

A escassez de padres faz muitas paróquias ficarem sem pastores e levou a apelos para que o Vaticano retire a obrigatoriedade do celibato ou autorize a ordenação de mulheres. Bento XVI se opõe veementemente a tais reformas.

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- Há muito a ser feito, vejo que eu não consigo - disse o Papa. - Isso é verdade para os padres, posso imaginar até que ponto. É verdade também para o Papa: ele tem muito a fazer, e minha força não é suficiente para tudo. Então preciso aprender a fazer o que posso e deixar o resto para Deus e meus colegas.

O discurso, no último dia da nostálgica viagem à sua Baviera natal, ocorreu na catedral de Freising, perto de Munique.

O pontífice começou sua carreira de professor de teologia na Universidade de Freising. Ele e seu irmão foram ordenados naquela cidade, em 1951.

O Papa parecia bem disposto durante a viagem, mas fez poucas aparições públicas e tirou longos períodos de descanso. Ele chegou a dizer que esta pode ser sua última viagem à Baviera porque é velho e não sabe quanto tempo a mais Deus reservou para ele. Ao contrário de seu antecessor, João Paulo II, Bento XVI evita viagens longas e desgastantes.

Segundo ele, a fé em Deus trará mais padres para a Igreja.

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- Há menos trabalhadores. Peçam a Deus para que mandem trabalhadores. Não podemos, como em outras profissões, recrutar pessoas com estratégias focadas de gerenciamento.

A idade média dos padres atualmente já passa dos 60 anos, o que indica que eles devem morrer nos próximos 10-20 anos, agravando a escassez de clérigos católicos.

Na Alemanha, o número de padres caiu 29% entre 1992 e 2004, segundo a entidade liberal Nós Somos a Igreja. Em 2004, foram ordenados 112 padres, mas 311 morreram, 359 se aposentaram e 37 deixaram as ordens.

O grupo diz que 78% dos católicos alemães é contra a regra do celibato para os padres e 77% querem mulheres no clero.

O influente teólogo dissidente Hans Kueng disse à emissora alemã NDR que ainda não perdeu de vez as esperanças de que haja reformas neste pontificado.

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- Com o tempo, ele deve ver que, se decepcionar constantemente as pessoas, ele vai se ver em dificuldades. Seu antecessor deixou paróquias desoladas e só pediu e rezou por mais padres durante 27 anos, sem sucesso.