O papa Francisco saudou milhares de fiéis, neste sábado (13), marcando o início de sua agenda oficial no México, sob a expectativa de que ofereça um pouco de esperança ante os problemas de violência e corrupção que assolam o país e com uma recepção inédita do governo.
Reunidos ao lado de fora da Nunciatura, onde dormiu, e na cêntrica Praça da Constituição, onde iniciaria suas atividades, uma multidão de católicos desafiaram o duro frio matinal para ver o líder do catolicismo, enquanto cantavam músicas como a tradicional “Cielito Lindo”.
“Que venha para pôr ordem. O México é um dos países mais católicos do mundo, não é? Que o papa diga aos governantes que solucionem, de uma vez por todas, a pobreza, a migração ilegal, os abusos de poder”, pedia Rogelio Cantú, um advogado de 57 anos que saiu às ruas para ver de perto o pontífice.
Esta será a primeira vez que um presidente mexicano recebe, no Palácio, um chefe da Igreja Católica, um gesto simbólico em um país devoto, mas com uma larga tradição laica e que, apenas em 1992, restabeleceu relações diplomáticas com o Vaticano.
A presença de Francisco vem para fechar um ciclo. “Durante muito tempo, no século XIX e boa parte do XX, vivemos momentos, em nossa relação com o Vaticano, caracterizados pela tensão e, inclusive, pelo conflito” em meio às leis anticlericais do governo nascido de uma Revolução”, reconheceu o embaixador do México no Vaticano, Mariano Palacios Alcocer.
De fato, a visita do papa ao país mexicano foi muito esperada pelo governo de Peña Nieto, alvo de fortes críticas pela situação de direitos humanos no país e casos como o desaparecimento e possível massacre dos 43 estudantes de Ayotzinapa.
Pobreza, migração e violência
Ainda comovido pelo motim que, na quinta-feira (11), deixou 49 mortos em uma prisão de Monterrey, o México vive, atualmente, todos as questões que preocupam Francisco: uma sociedade desigual, onde a metade de seus habitantes continua na pobreza; um país imerso na violência do tráfico de drogas e onde milhares de migrantes vivem um tormento tentando chegar clandestinamente aos Estados Unidos.
“O México da violência, da corrupção, do tráfico de drogas e dos cartéis não é o México que quer Nossa Senhora e, sem dúvida, eu não quero dar cobertura a nada disso”, manifestou o papa dias antes de sua visita.
“Tentarei ser claro, falar de forma clara”, comprometeu-se Francisco, na sexta-feira, ainda no avião papal frente à expectativa de muitos mexicanos para que ofereça algumas palavras de conforto diante da dramática situação que vive o país.
Antes de chegar ao México, o pontífice fez uma escala de algumas horas em Cuba, onde se encontrou com o patriarca ortodoxo russo Kirill, em uma reunião histórica que selou o reencontro entre Oriente e Ocidente.
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