Atualizado em 16 de setembro às 19h50m

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O Papa Bento XVI disse a muçulmanos, neste sábado, que lamenta que eles tenham achado ofensivo o seu discurso sobre o Islã, expressando seu respeito pela fé deles e mostrando-se esperançoso de que entendam o "verdadeiro sentido" das suas palavras. O Pontífice disse estar "muito aborrecido" com o fato de seu discurso ter causado mal-estar.

- O Santo Papa lamenta muito que algumas passagens do seu discurso tenham soado ofensivas para a sensibilidade dos credos muçulmanos – afirmou o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, numa declaração sobre o pronunciamento do Papa.

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Líderes muçulmanos de vários países já haviam pedido que o Papa se desculpasse pelos comentários feitos na terça-feira na Alemanha, quando ele associou o Islã à violência. Mas mesmo após a divulgação da retratação do Papa neste sábado, continuaram as ações contra o discurso do chefe da Igreja Católica.Ataques a igrejas na Cisjordânia e protestos

Cinco bombas foram jogadas em duas igrejas na cidade de Nablus, na Cisjordânia, neste sábado, no segundo dia de protestos palestinos contra o discurso do Papa. Ninguém ficou ferido. O membro da Igreja Anglicana na cidade Jabi Saadeh disse que quatro ou cinco homens mascarados, dentro de um carro branco, jogaram cinco bombas na igreja, sem provocar estragos. Um ataque semelhante aconteceu em uma Igreja Ortodoxa Grega, também em Nablus, deixando parte da parede do templo marcada pela explosão. O líder da Igreja Ortodoxa Grega George Awad denunciou o que chamou de ação infantil.

Na Indonésia, cerca de mil muçulmanos marcharam até a embaixada palestina em Jacarta, em apoio ao povo palestino e protesto contra as declarações do Papa.

A segurança será reforçada no domingo em torno da residência de verão do Vaticano Castel Gandolfo, de onde Bento XVI deve pronunciar a tradicional oração Angelus, informou neste sábado a imprensa italiana. Controles de segurança "reforçados, intensificados e meticulosos" serão dispostos em um perímetro mais amplo do que o habitual, mas tudo será feito discretamente, "para não atrapalhar as orações", apontaram os jornais.

Um grupo armado iraquiano, Jaiech al-Muyaidin, ameaçou neste sábado realizar um atentado contra o Papa em Roma ou no Vaticano, em resposta aos comentários do Pontífice.

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Ferida na harmonia religiosa

Na sexta-feira, governos e líderes religiosos nos países islâmicos mais populosos do mundo já haviam dito que os comentários do Papa Bento XVI sobre o Islã poderiam abalar a harmonia entre as religiões . Houve protestos de rua na Índia e na Turquia. E a Assembléia Nacional do Paquistão, que concentra a segunda maior população muçulmana do mundo, depois da Indonésia, aprovou por unanimidade uma resolução condenando o discurso do líder católico.

"Essa declaração magoou os sentimentos dos muçulmanos", diz a resolução. "Ela também vai contra a Carta da ONU. Esta Casa exige que o Papa retire seus comentários, no interesse da harmonia entre as diferentes religiões do mundo".

Na quinta-feira, a Igreja Católica já havia divulgado nota afirmando que não houve intenção do Papa de ofender o Islã. Na sua palestra na Universidade de Regensburg, Bento XVI citou críticas ao Islã feitas no século XIV pelo imperador bizantino Manuel II Palaeologus, segundo quem Maomé só havia trazido coisas ruins e desumanas, "como sua ordem de difundir pela espada a fé que ele pregava".

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