O cardeal arcebispo de Salvador, dom Geraldo Majella Agnelo, afirmou nesta quarta-feira (22) no convento de Itaici, município paulista de Indaiatuba, que o fato de o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, ter se tornado pai de um menino quando ainda era bispo é um escândalo que prejudica a imagem da Igreja Católica e ameaça comprometer seu desempenho no governo.
"Lamentamos que isso tenha ocorrido, porque o povo é exigente em relação a nosso comportamento e exige de nós um testemunho de vida exemplar, além da pregação por palavras", disse dom Geraldo, falando em entrevista coletiva em nome da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cujo tema central é a formação do padre, discutida em vários níveis, a começar pela dimensão humano-afetiva.
O cardeal de Salvador acrescentou que, tendo tido a oportunidade de conviver com Lugo em vários encontros do episcopado latino-americano, está pedindo a Deus que o ilumine, de modo vencer as dificuldades e poder trabalhar pelo povo de seu país no campo político. Lugo foi dispensado das funções episcopais pelo Vaticano, quando era bispo da diocese de San Pedro e se candidatou à presidência do Paraguai.
Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP), que também participou da entrevista, também lamentou o fato, mas elogiou o comportamento de Lugo. "Se ele se aposentou aos 55 anos, o que não é normal para os bispos, que se afastam de suas dioceses aos 75 anos (conforme normas do Direito Canônico), é porque percebeu que, em consciência, não podia continuar", disse d. Demétrio.
O problema, segundo o bispo de Jales, é que Lugo se escudou na condição de bispo para se candidatar e se eleger presidente. "Agora que o feitiço se volta contra o feiticeiro, ele tem de se desfazer dessa armadura e deixar de ser bispo, se ainda se considera no episcopado", advertiu d. Demétrio. "O prejuízo para a Igreja é evidente", acrescentou.
Também dom Angélico Sândalo Bernardino, que acaba de deixar a diocese de Blumenau (SC), por ter completado 75 anos, lamentou o envolvimento de Lugo com uma mulher enquanto ainda estava no exercício do ministério episcopal.
"É uma pena, porque o presidente Lugo parece ser o homem providencial para o governo do Paraguai", disse d. Angélico, depois de lembrar o trabalho social do ex-bispo em sua diocese.
"Não sei se a repercussão seria a mesma, se fosse com outro político. Aos 76 anos de idade, sou capaz de entender certos comportamentos afetivo-sexuais e, sendo assim, digo que atire a primeira pedra aquele que não se sentir culpado", disse.
Recortes de jornais com o noticiário sobre Fernando Lugo, nesta quarta-feira (22) apontado por mais uma mulher, a terceira, como pai de um filho, estão expostos nos murais de Itaici, ao lado de reportagens sobre a Assembleia Geral da CNBB.
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