Para convencer os outros de uma ideia, nada mais eficiente que exemplos bem concretos. Desde o século 1º, a Igreja escolheu personalidades exemplares pelas virtudes, pela fidelidade aos ensinamentos da doutrina, etc. e os "santificou", deu a palavra de que essas pessoas foram felizes fazendo o bem "beatos" e alcançaram um lugar bom no Céu.
Por possuírem mais méritos, teriam mais credibilidade de convencer Deus a alcançar graças para os pecadores que ainda tentam fazer pontos aqui na Terra.
Mas não é fácil alcançar este status dentro da Igreja, como ocorrerá com os papas João XXIII e João Paulo II no próximo domingo. O processo de canonização de um candidato passa por várias etapas. A responsabilidade de analisar a vida do candidato é da Congregação para as Causas dos Santos e, após anos de estudos, entrevistas com quem o conheceu e a certificação de milagres, o possível santo necessita da aprovação final do papa para assim ser considerado solenemente.
As normas para a instrução das causas de canonização foram alteradas pela última vez por João Paulo II, na Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister. O caminho rumo à santificação começa com o surgimento de uma autêntica fama de santidade. Reconhecido o clamor popular sobre o candidato à santificação, passa-se à coleta de testemunhos, de obras realizadas e de provas documentais das ações dele junto à comunidade em nome de Deus. Para ser beatificado, é necessário atestar a existência de um milagre conseguido de Deus pela intercessão do santo. Para a canonização, deve ser reconhecido um segundo milagre.
Todas essas informações são então submetidas a um longo e minucioso processo de avaliação e verificação dos fatos que envolvem os membros da Congregação para as Causas dos Santos, médicos e psicólogos. Essa é a etapa mais importante e mais demorada São José de Anchieta, por exemplo, foi canonizado em fevereiro deste ano após enfrentar um processo de canonização de mais de 400 anos e acabou sendo polêmico porque, no final, o papa Francisco não exigiu a confirmação de mais um milagre.
No imaginário coletivo, santo é uma pessoa cuja vida foi inteiramente dedicada à Obra de Deus, seja por meio da reclusão ou da absoluta abnegação. São homens e mulheres cujas vidas inspiram a fé, a virtude e a caridade.
No entanto, do ponto de vista teológico, ser santo é uma possibilidade para todos os fiéis. O Padre Márcio Fernandes, da Igreja Coração de Maria e professor de Teologia Dogmática no Sthudium Theologicum de Curitiba, explica que são considerados santos todos os homens e mulheres verdadeiros, capazes de realizar algo pela sociedade em que vivem.
Vaticano cria plano de guerra para atender 7 milhões de peregrinos
Denise Drechsel
A canonização dos dois papas no próximo domingo promete ser um teste de organização e paciência para as autoridades e os cidadãos romanos, já acostumados a receber milhares de pessoas na cidade, mas não tantas assim: são esperadas 7 milhões de pessoas, segundo cálculos feitos pela Prefeitura de Roma a partir da ocupação confirmada em hotéis e alojamentos no município e região.
Um volume tão grande de peregrinos na cidade só foi visto em 2005, no funeral de João Paulo II, quando se estimou a circulação de 3 milhões de peregrinos na cidade eterna.
No dia 1º de abril, além de acalmar a população preocupada com o caos nas redes sociais não faltam sugestões do que fazer para fugir da cidade nesses dias , o prefeito Ignazio Marino anunciou um plano especial feito em parceria com agentes de segurança, empresas, postos de saúde e voluntários.
No dia da cerimônia, por exemplo, serão distribuídas 4 milhões de garrafas de água e instalados quase mil banheiros químicos. A polícia contará com 6,4 mil agentes além de outros, de número não confirmado, infiltrados em pontos estratégicos com trajes civis. No total, o evento terá também 2,6 mil voluntários.
Além disso, para garantir o transporte das pessoas na cidade, ônibus, trens e "tranvias" funcionarão em horários especiais nos dias 26 e 27 de abril. Para melhorar ainda a mobilidade urbana, em algumas ruas, como a tradicional Via dei Fori Imperiali, que liga a Piazza Venezia ao Coliseu, será proibida a circulação de veículos.
Mas, mesmo com tanta confusão, não é preciso ter pena dos italianos. De acordo com a Confcommercio, confederação que reúne os comerciantes italianos, acredita-se que os peregrinos deixarão pelo menos 230 milhões de euros na cidade, em hotéis, restaurantes e lojas, principalmente nas de distribuição de produtos religiosos. Nada mau para um país ainda em crise econômica.