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Reforma agrária

Paraguai quer desapropriar 8 milhões de hectares

O presidente paraguaio Fernando Lugo durante evento em Assunção: novo governo inicia com várias promessas de reforma | Rafael Urzua/Reuters
O presidente paraguaio Fernando Lugo durante evento em Assunção: novo governo inicia com várias promessas de reforma (Foto: Rafael Urzua/Reuters)

Para atender às reivindicações de cerca de 300 mil famílias camponesas sem-terra, o governo do presidente paraguaio Fernando Lugo iniciará um plano para recuperar 8 milhões de hectares (equivalente a um quinto do país ou mais de um terço da área do Paraná) . As terras foram doadas pelo ex-ditador Alfredo Stroessner a seus amigos. Stroessner governou o Paraguai entre 1954 e 1989.

O diretor do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), Alberto Alderete, disse ontem que apresentará no dia 28 de agosto uma "lista de pessoas que receberam nos últimos 50 anos terras ociosas". "Darei nomes e sobrenomes", acrescentou.

Segundo Alderete, no período em que Stroessner ficou no poder foram entregues 12 milhões de hectares, dos quais 8 milhões foram para seus amigos, parentes e militares próximos. "Até o general nicaragüense Anastasio Somoza foi beneficiado, em 1980, com terras destinadas à reforma agrária, exclusivas para camponeses pobres", sustentou o diretor do Indert. "Haverá soluções, mas os camponeses deverão ter um pouco mais de calma", pediu Alderete.

Brasiguaios

O governo paraguaio não se pronunciou sobre as terras dos brasiguaios – produtores rurais brasileiros. O assunto é um dos maiores contenciosos entre os dois países. Os movimentos sociais ligados aos sem-terra fazem pressão para que as terras de brasileiros também sejam desapropriadas. Os líderes camponeses reiteraram que passariam a invadir terras de brasiguaios após a posse de Lugo, ocorrida na sexta-feira passada.

Também ontem, o novo diretor paraguaio de Itaipu, Carlos Balmelli, disse ontem que "vários milhões de dólares do orçamento serão destinados a obras sociais urgentes, como assistência a populações rurais pobres e indígenas". A usina é administrada em conjunto com o Brasil.

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