A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou nesta sexta-feira a presença de paramilitares colombianos e de países vizinhos em Honduras e pediu ao governo de facto do país que tome providências e investigue as atividades desses mercenários. Por meio de um comunicado, o grupo de trabalho da ONU sobre uso de mercenários mostrou-se "preocupado" com recentes informações publicadas na imprensa sobre o recrutamento desses soldados logo após o golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya, em 28 de junho.

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"Pedimos às autoridades hondurenhas que tomem todas as medidas práticas para prevenir a utilização de mercenários em seu território e para investigar a fundo as denúncias sobre sua presença e suas atividades", afirma o texto.

Consultada pela Agência Estado, a representação das ONU em Tegucigalpa não confirmou essa informação. O diretor de relações públicas da polícia, comissário Orlin Cerrato Cruz, afirmou que não há registro do ingresso de mercenários no país até o momento.

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No entanto, disse que a polícia não descarta essa possibilidade e vai acionar a inteligência para investigar a denúncia, especialmente o ingresso de colombianos no país.

"Essa acusação é muito séria e nos preocupa. Até agora, estávamos mais incomodados com o tráfico de armas da Nicarágua, da Guatemala e de El Salvador", afirmou Cruz. De acordo com o grupo de trabalho da ONU, integrado por cinco especialistas na área de direitos humanos, cerca de 40 ex-combatentes das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) foram recrutados para a proteção de proprietários de terra hondurenhos, que temiam atos de violência depois do golpe de Estado.

Preocupação

O texto menciona também a suspeita de ingresso de "um grupo de 120 paramilitares de vários países da região" para apoiar o golpe. O comunicado alerta para o fato de Honduras ter firmado a Convenção Internacional contra o Recrutamento, Utilização, Financiamento e Treinamento de Mercenários.

O grupo de trabalho demonstrou preocupação também com as suspeitas de uso de aparelhos acústicos por soldados da polícia e do Exército contra Zelaya e as demais pessoas que ocupam a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa há 19 dias.

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A polícia hondurenha dispersou hoje com gás lacrimogêneo e jatos de água um grupo de cerca de cem manifestantes favoráveis ao retorno de Zelaya à presidência do país e à convocação de uma Assembleia Constituinte, valendo-se da vigência do decreto que instaurou o estado de sítio em Honduras há 14 dias. Os protestos se concentraram diante do hotel onde representantes do governo de facto de Honduras e de Zelaya negociavam uma solução para a crise política. Não houve vítimas.

Mortes

Na quinta-feira, diante de uma manifestação cinco vezes maior, a tropa de choque da polícia apenas cercou o hotel e se mantido em alerta. Desde o retorno de Zelaya a Honduras, no último dia 21, duas mulheres morreram em função de complicações da aspiração de gás lacrimogêneo lançado pela polícia para dispersar os protestos.