Os atentados terroristas na Bélgica atingem em cheio o país em que vivem aproximadamente 50 mil brasileiros. Até o momento, há informações de apenas um brasileiro ferido - o paulista Sebastian Bellin, ex-jogador de basquete no país europeu -, mas muitos viveram momentos de tensão na manhã desta terça-feira (22). A Gazeta do Povo conversou com dois paranaenses que sentem a angústia de não poder buscar os filhos na escola em meio ao caos que tomou Bruxelas.
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Semana turbulenta na Bélgica tem ápice com atentados; veja cronologia
Leia a matéria completaÉ o caso da jornalista Ana Cristina Suzina, que nasceu em Ponta Grossa (PR), mas mora em Bruxelas há 5 anos e meio. Depois de passagens pela assessoria de imprensa da Pastoral da Criança e da Fundação Grupo Boticário, ela faz doutorado em Ciências Políticas e Sociais na Universidade Católica de Louvain.
Ela deveria ir para a universidade nesta manhã e passaria pelo local dos atentados, mas como foi avisada conseguiu ficar em casa. “A principal recomendação é que cada um fique onde está, que evite deslocamentos na cidade”, conta. Logo depois das explosões, a orientação era para que as pessoas se afastassem dos locais afetados, para facilitar os serviços de socorro às vítimas, e em seguida anunciaram a interrupção no sistema de transporte.
O marido de Ana havia acabado de deixar a filha, de 1 ano, na creche, e soube, já no trajeto de retorno, sobre os atentados. “Meu coração está na mão. Todas as unidades tiveram acesso bloqueado, para evitar aglomerações e pânico”, relata. Ela também afirma que a polícia está interceptando motoqueiros nas ruas, fazendo revista manual em busca de armas, e revistando pessoas que chegam aos hospitais da cidade.
A jornalista comenta que o clima já era tenso na cidade desde os atentados em Paris, no ano passado, em função de a Bélgica concentrar um núcleo terrorista. “Eu não saí de casa, como pediram. Mas as imagens que a imprensa local está mostrando revelam ruas muito mais vazias do que normalmente, com muita confusão ao redor de estações de trem e de metrô, por causa das evacuações”, conta.
Outro caso
O dia também amanheceu complicado em Bruxelas para Leo Hishida do Nascimento, que nasceu na Inglaterra, mas cresceu em Curitiba. Ele mora na Bélgica há cinco anos e trabalha no Parlamento Europeu. Leo conta que tinha deixado o filho, de apenas cinco meses, na escola, e estava levando a esposa ao trabalho quando receberam uma notificação pelo celular, avisando sobre os atentados. Leo, que foi integrante das bandas Woyzeck e Gente Boa da Melhor Qualidade, relata que as linhas de celular e telefone estão saturadas. “É difícil falar se não for via Whatsapp, e-mail ou messenger”, comenta.
De carro, ele conseguiu chegar ao trabalho, que fica a três quadras da estação de metrô de Maelbeek, um dos locais mais afetados. O parlamento aumentou o nível de segurança de amarelo para laranja. “A minha mulher está bastante assustada. Os colegas falam muito sobre o que aconteceu e no Facebook os amigos e colegas vão avisando que estão bem. Não paro de receber mensagens perguntando se estamos bem”, relata.
O sentimento é muito ruim, porque uma das coisas mais preciosas que a gente tem numa cidade como esta é a tranquilidade de andar por aí, sem pensar em perigos iminentes. Esse tipo de situação muda tudo, faz a gente pensar antes de sair de casa. Eu vou voltar a pegar trem para ir para a universidade. Acho difícil não pensar nisso durante a viagem.
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