Paris está tranquila e agitada, ao mesmo tempo. É o que contam paranaenses que foram à capital francesa para acompanhar os debates da 21.ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 21).
Tranquila porque eles esperavam encontrar um sufocante aparato de segurança depois dos atentados terroristas do dia 13 de novembro. Não foi assim. Há cuidados extras, mas eles não são tão evidentes. Como saldo, os representantes dos 195 países participantes não passaram por vistorias muito demoradas ou rigorosas. Apenas as manifestações de ruas foram proibidas, para evitar aglomerações.
Previsões negativas viraram realidade e devem pesar no acordo
Leia a matéria completaA agitação está restrita, portanto, às discussões diplomáticas que devem resultar em um novo acordo mundial para enfrentar as mudanças climáticas. Guilherme Karam, coordenador de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, participou de uma reunião do Observatório do Clima com a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira e com representantes de diversas ONGs. “Percebi otimismo do Brasil com relação ao Acordo de Paris, que, ao que tudo indica, cumprirá seu papel de direcionar a queda das emissões de gases de efeito estufa dos países que o assinarem. A diplomacia francesa merece uma menção, pois está facilitando todo o processo, o que cria um ambiente favorável para a discussão equilibrada entre os chefes de estado”, diz.
Ele também relata que a resistência norte-americana a tornar o acordo vinculante pode levar a uma flexibilização. Tornar o acordo legalmente vinculante significa dizer que esse documento teria valor de lei internacional, com sanções àqueles que não cumprirem as metas. Seria uma forma de garantir o cumprimento dos países. “O Brasil está no time dos que desejam que o acordo seja vinculante, porém o Congresso dos EUA já indicou que a medida dificilmente será aprovada”, afirma.
O advogado paranaense Alessandro Panasolo, que atua na área de Direito Ambiental e está em Paris acompanhando as discussões da COP 21, também espera que sejam firmados acordos fortes. “Sabemos que não será tarefa fácil, pois as decisões só podem ser tomadas por consenso entre os países. Também não há mais tempo para formatação de um acordo frágil, sob pena de comprometer a autoridade e confiabilidade da conferência”, destaca.
A COP 21 termina no dia 11, quando o resultado da negociação deve ser anunciado.
Projetos daqui para o mundo
O espaço para o Brasil no Pavilhão de Cidades e Regiões na COP 21 apresenta iniciativas inovadoras de adaptação às mudanças climáticas. Foram apresentados projetos de Itu (SP), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e Recife (PE), que envolvem gestão de resíduos sólidos, revitalização de ocupações em áreas vulneráveis e conservação de áreas naturais. No mesmo espaço, dois projetos curitibanos foram apresentados.
O Condomínio da Biodiversidade (ConBio), desenvolvido pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) em parceria com a prefeitura de Curitiba, orienta proprietários de áreas naturais em perímetros urbanos em relação à conservação da biodiversidade. A iniciativa é uma ferramenta de adaptação da cidade às mudanças climáticas.
O ConBio é o único representante paranaense com o tema conservação da biodiversidade entre os 120 projetos selecionados do mundo todo para ser apresentado no Pavilhão de Cidades e Regiões da Transformative Actions Program (TAP2015). O objetivo do evento é dar visibilidade a projetos inovadores e atrair financiadores. Ao participar dele, o ConBio cria mais chance de ser replicado e ampliado. A equipe visitou mais de mil propriedades particulares em Curitiba orientando sobre boas práticas conservacionistas.
Em Paris também foi apresentado o projeto Vila Sustentável, que propõe medidas como energia solar, construções inteligentes e reaproveitamento de água em uma área de ocupação irregular no bolsão Audi União.
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