Parentes dos passageiros mortos no acidente do ano passado com um avião da Air France na costa do Brasil entraram com cerca de duas dezenas de ações judiciais por morte acidental em Miami contra a Airbus, alegando que a fabricante da aeronave A330 caiu devido a falhas no avião e de componentes fabricados nos Estados Unidos.

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A Airbus, unidade da Companhia Europeia de Defesa Aeronáutica e Espacial, classificou as ações como sem fundamento.

"Não acreditamos que elas estejam bem fundamentadas", disse o porta-voz da Airbus Americas, Clay McConnell. "Agiremos para que elas sejam indeferidas."

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Os processos foram abertos numa corte distrital dos Estados Unidos pelas famílias dos passageiros a bordo do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 1 de junho de 2009, cerca de 3 horas e meia depois de decolar do Rio de Janeiro.

A aeronave que iria para Paris, na França, caiu no mar a 1.088 quilômetros da costa brasileira durante uma tempestade, matando todas as 228 pessoas a bordo.

A agência de investigação de acidentes aéreos da França (BEA, na sigla em francês) conduz um inquérito sobre o acidente, mas ainda não esclareceu qual foi a causa do desastre.

Na semana passada, a agência retomou as buscas pelas caixas-pretas do avião, que se acredita que estejam a uma profundidade de 4 mil metros no Atlântico perto da costa do nordeste brasileiro.

Um escritório de advocacia de Miami chamado Podhurst Orseck abriu 23 ações judiciais por morte acidental na Flórida em nome das famílias dos passageiros e espera abrir outros 10 nas próximas semanas, disse o advogado do escritório Steve Marks.

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As ações idênticas alegam que o avião caiu porque defeitos de design e fabricação teriam deixado os pilotos sem dados precisos para manter altitude e velocidade de voo.

As especulações sobre a causa do acidente durante a tempestade concentram-se no possível congelamento dos sensores de velocidade da aeronave, que aparentemente deram leituras inconsistentes e podem ter afetado outros sistemas.

As ações afirmam que o radar meteorológico, o detector de gelo e o anemômetro forneceram informações erradas, enquanto outro equipamento apresentou falha e os motores não tiveram força o suficiente para fazer a aeronave se recuperar de uma perda na velocidade.

Entre os acusados estão a Airbus e o Thales Group, da França, e suas subsidiárias norte-americanas. Também estão citadas as companhias norte-americanas Honeywell International Inc, Motorola Inc, Intel Corp, Rockwell Collins, Hamilton Sundstrand Corp, General Electric, Goodrich Corp, Rosemount Aerospace, Dupont Co, Judd Wire Co e Raychem Co.

Marks, o advogado dos reclamantes em Miami, afirmou que as ações são da alçada das cortes norte-americanas porque as companhias ou têm sede ou operam nos Estados Unidos.

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"Como muitas empresas norte-americanas são fabricantes de componentes, o sistema jurídico dos Estados Unidos tem um interesse singular em garantir que os céus estejam seguros", afirmou Marks.

O desastre foi o primeiro acidente fatal envolvendo um A330 em operação, que voou pela primeira vez em 1992, afirmou o porta-voz da Airbus McConnell, acrescentando que 667 aeronaves desse modelo estão atualmente em atividade.

Sete pessoas morreram durante um voo de teste de 1994 em Toulouse, na França, num acidente atribuído a erro do piloto.

A Air France não é citada nos processos, porque leis e tratados diferentes governam a imputabilidade da companhia aérea, afirmou Marks.

O governo brasileiro formou um comitê de compensação com as seguradoras da Air France e as famílias das vítimas para determinar o valor do pagamento às famílias.

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Neste mês, uma seguradora da Air France, a Axa, anunciou que iria recorrer da decisão de um tribunal brasileiro para que a companhia aérea pagasse 1,16 milhão de dólares de indenização para uma família de vítima. A seguradora disse então que não aceitava a decisão como precedente, porque a indenização deveria ser decidida pelo comitê.