Os partidos do Parlamento da Ucrânia fizeram um acordo nesta quinta-feira (6) para tentar elaborar um projeto de lei sobre emendas constitucionais que poderão ser submetidas à votação já na próxima semana, disse Volodimir Ribak, porta-voz do Partido das Regiões, o mesmo do presidente Viktor Yanukovich.
Líderes da oposição, com apoio dos manifestantes nas ruas, querem o retorno da constituição de 2004 que iria transferir grande parte dos poderes do presidente para o Parlamento - proposta então rejeitada pelo presidente Viktor Yanucovich e seus apoiadores, maioria no Legislativo. Riback disse que os líderes dos partidos fariam uma reunião com ele e representantes do presidente para produzir um projeto de lei nos próximos dias.
"Na próxima semana, devemos tomar uma decisão, talvez na terça ou quarta-feira, para considerar o projeto de lei", disse aos legisladores.
A fidelidade partidária entre os 450 membros do Parlamento unicameral não é sempre respeitado o que leva a dúvidas sobre a possibilidade de um consenso ou que a oposição possa reunir uma maioria para conseguir aprovar as mudanças que deseja. Yanukovich deverá nomear nos próximos dias um novo primeiro-ministro para substituir Mykola Azarov que deixou o governo na semana passada após o fracasso em conter as ondas de manifestações que atingiram Kiev e a invasão de prédios públicos pelo país.
Líderes opositores e manifestantes querem a saída de Yanukovich que acusam de ser ligado a interesses empresariais corruptos e estar sob pressão da vizinha Rússia.
Os protestos começaram em novembro, após o presidente rejeitar um acordo com a União Europeia em troca de ajuda financeira de Moscou. Os confrontos na Ucrânia dividiram as potências com a UE e os EUA do lado da oposição e a Rússia apoiando Yanukovich.
Apoio americano
A assessora da Secretaria de Estado americana, Victoria Nuland, vai se encontrar com Yanukovich e líderes da oposição em Kiev.
A viagem de dois dias é uma tentativa de reverter a frustração causada pela dificuldade do Parlamento em fazer as mudanças constitucionais e anistiar os manifestantes.
Cerca de 2 mil manifestantes marcharam em direção ao Parlamento hoje com cartazes escritos "nós estamos cansados de esperar" e se disseram preparados para voltar a enfrentar a polícia se o Parlamento não agir.