O Parlamento russo respeitará a "escolha histórica" da Crimeia no referendo que vai propor aos eleitores a incorporação da península autônoma ucraniana à Federação Russa, afirmou o presidente da Duma (Câmara baixa).
"Respeitaremos a escolha histórica da população da Crimeia", declarou Serguei Narishkin, citado pelas agências russas, dando a entender que os deputados russos votariam a favor de uma incorporação da Crimeia à Rússia.
"Apoiaremos a escolha livre e democrática da população da Crimeia", acrescentou, durante uma reunião em Moscou com uma delegação do Parlamento autônomo.
Controlado por representantes pró-Moscou, o Parlamento da Crimeia solicitou ontem ao presidente russo, Vladimir Putin, a incorporação da península ucraniana do Mar Negro à Rússia e anunciou a convocação de um referendo para 16 de março, com o objetivo de ratificar a decisão.
A porta-voz do senado russo, Valentina Matvienko disse que a Crimeia será uma parte igual da Rússia caso o referendo vote pela integração da região.
Matvienko disse que o governo russo saudou o adiantamento da data do referendo, originalmente programado para coincidir com as eleições na Ucrânia de 25 de maio. A porta-voz disse que não há condições para eleições transparentes, livres e honestos na Ucrânia.
Os eleitores poderão optar entre uma incorporação à Rússia ou uma autonomia reforçada.
O presidente interino ucraniano, Olexander Turchinov, denunciou "um crime contra a Ucrânia cometido pelos militares russos" e anunciou a abertura de um procedimento de dissolução do Parlamento da península.
Os governos da Europa e dos Estados Unidos também condenaram a decisão e anunciaram novas sanções diplomáticas contra Moscou.
Putin examinou ontem o pedido da Crimeia durante uma reunião do Conselho de Segurança russo, informou o Kremlin, sem revelar detalhes.
O deputado russo Serguei Mironov, presidente do partido Rússia Justa, disse ter apresentado um anteprojeto de lei para facilitar a incorporação à Rússia de um território de um país estrangeiro.
A Crimeia foi "dada" em 1954 à Ucrânia soviética pelo então secretário-geral do Partido Comunista Nikita Krushev. Para evitar as tentações separatistas, a Ucrânia, independente após a dissolução da URSS, concedeu em 1992 o status de república autônoma.
Ucrânia condena referendo
A Ucrânia está disposta a conversar com a Rússia, mas antes Moscou precisa retirar suas tropas, respeitar os acordos internacionais e interromper o apoio a "separatistas e terroristas", disse nhoje o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk.
O premiê disse que solicitou um segundo telefonema com o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev. Os dois conversaram no sábado, no único contato de alto nível entre os dois países desde o início da crise.
"Nós declaramos nossa disposição para dialogar com o governo russo", disse. Yatseniuk listou uma série de condições, incluindo a retirada de tropas e o fim do "apoio a separatistas e terroristas na Crimeia".
A liderança pró-Moscou da Crimeia, que assumiu o poder quando tropas russas ocuparam a região na semana passada, anunciou na quinta-feira que o Parlamento da região aprovou a adesão imediata à Rússia e convocou um referendo sobre a questão para 16 de março.
- Obama e Putin discutem Ucrânia por telefone
- UE impõe primeiras sanções à Rússia e promete ajuda à Ucrânia
- Chanceler russo afirma que não há acordo com EUA sobre conflito ucraniano
- Governo da Crimeia diz que nacionalizará propriedades públicas da Ucrânia
- Jornalista norte-americana de TV russa se demite ao vivo
- Crimeia decide fazer parte da Rússia e convoca referendo