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Debate

Parlamento transparece divisão sobre Thatcher entre britânicos

O Parlamento britânico realizou nesta quarta-feira (10) uma sessão extraordinária para render uma homenagem à ex-primeira ministra conservadora Margaret Thatcher, que ainda divide opiniões no Reino Unido, como foi demonstrado na Câmara dos Comuns. A morte da "Dama de Ferro", na segunda-feira aos 87 anos, agitou a vida política britânica até o ponto em que ficou suspenso o recesso parlamentar em que se encontrava Westminster para oficiar hoje um plenário no qual o legado de Thatcher foi lembrado sobretudo com elogios, mas também com críticas.

O primeiro-ministro conservador, David Cameron, e o líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, concordaram ao elogiar alguns dos sucessos de Thatcher durante os 11 anos que esteve no poder, de 1979 a 1990, e enfatizaram a conquista que representou uma mulher chegar pela primera vez à chefia do governo no país.

O dirigente trabalhista ressaltou sua oposição ideológica em relação a Thatcher, apesar de admitir que foi uma "líder política fora do comum" e ressaltou que soube iniciar o restabelecimento da enfraquecida economia britânica a partir de 1979 e defender a soberania britânica das Ilhas Malvinas.

Cameron, por sua vez, argumentou que as reformas que a ex-primeira-ministra empreendeu deixaram uma marca indelével no Reino Unido.

"Hoje parece absurdo pensar em um Estado tão enorme que seja o proprietário dos aeroportos e companhias aéreas, dos telefones em nossas casas, dos caminhões e das estradas. Inclusive tinha em propriedade uma empresa de mudanças", disse Cameron.

A sessão, em que a análise política conviveu com lembranças sobre a ex-primeira-ministra e muito senso de humor, se iniciou em um ambiente leve com os discursos dos principais líderes dos partidos.

À medida que avançava um debate que durou horas e as bancadas de ambos os lados da câmara foram se esvaziando, começaram a aparecer opiniões contrárias e críticas mais amargas, especialmente por parte dos deputados trabalhistas veteranos.

David Winnick, parlamentar trabalhista desde 1979, afirmou que Thatcher manteve uma "brutal indiferença perante o sofrimento do povo", enquanto a atriz Glenda Jackson, de 76 anos, disse que o "thatcherismo" castigou as classes baixas e esqueceu de "valorizar cada ser humano como indivíduo".

Alguns deputados repreenderam as reformas tributárias que Thatcher empreendeu nos anos 1980, assim como sua atitude durante a longa queda de braço que manteve com o setor minerador, enquanto os conservadores elogiavam sua atitude contida em relação à Europa e sua poderosa figura política, dentro e fora das fronteiras do Reino Unido.

A controvérsia em torno da figura de Thatcher continuou após sua morte com a organização de seu funeral, previsto para a próxima quarta-feira, 17, e cujo custo, segundo os cálculos da "BBC", rondará os 10 milhões de libras (11,6 milhões de euros).

Mais de 700 membros das Forças Armadas britânicas participarão do cortejo fúnebre, que percorrerá as ruas do centro de Londres para levar o corpo da "Dama de Ferro" de Westminster até a Catedral de Saint Paul, no coração financeiro do distrito, onde se oficiará uma cerimônia religiosa à qual irá a rainha Elizabeth II.

"Quando falamos de dinheiro, a relação com a União Europeia que ela negociou nos reportou até agora 75 bilhões de libras (87,7 bilhões de euros), o dobro do orçamento atual de Defesa. Acho que pondo isso em perspectiva, podemos nos permitir contribuir com seu funeral", afirmou o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, em alusão ao chamado "cheque" britânico.

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