O Comitê Legislativo Central da Knesset - o Parlamento de Israel - avalia nesta quinta-feira o pedido de licença do presidente Moshe Katsav . Envolvido no maior escândalo político da história israelense, Katsav pediu o afastamento temporário do cargo para que pudesse se defender das acusações de estupro e agressão sexual , desvio de verbas e obstrução da Justiça que vêm sendo feitas contra ele.
- Vou lutar para limpar meu nome - disse Katsav em pronunciamento de uma hora, que foi exibido pela TV.
Quase às lágrinas e dando socos numa bancada, Katsav disse que vai lutar até o último fôlego contra o que viria a ser um inédito processo penal contra um chefe de Estado em Israel. E acusou a imprensa de precipitar-se em julgá-lo.
- Não realizei nenhuma das ações atribuídas a mim (...) O Mccarthismo está vivo em Israel - disse ele, referindo-se às perseguições, muitas vezes injustificadas, movidas nos EUA contra supostos comunistas na década de 1950. - Não estou preparado para ceder à chantagem.
As declarações irritaram ministros e parlamentares. Após o discurso, o ministro da Segurança Pública, Avi Dichter, exigiu que o presidente peça desculpas à polícia. O premier Ehud Olmert disse que o presidente deve renunciar.
- Não tenho dúvida em meu coração de que o presidente não pode continuar cumprindo seus deveres e que deve deixar a residência presidencial - afirmou Olmert.
Segundo ele, tratava-se de "um dia triste para Israel".
Pela lei, o presidente não pode ser julgado no cargo, mas poderia ser destituído pelo Parlamento. O mandato de Katsav termina em julho.
Pesquisa do jornal "Yediot Ahronot" mostrou que 89% do público exige demissão imediata. Analistas classificaram sua aparição como "desastrosa".
Katsav nasceu no Irã, cresceu em favelas e serviu de exemplo para os imigrantes judeus mais pobres do Oriente Médio e do norte da África. Ele foi eleito em 2000 pelo Parlamento, derrotando o Nobel da Paz Shimon Peres, em substituição a Ezer Weizman, que renunciou após a descoberta de que havia recebido 450 mil dólares em presentes de um milionário francês.
Weizman morreu em 2005. Peres, 83 anos, atualmente é vice-primeiro-ministro e vem sendo cotado para suceder Katsav.