Uma das principais promessas de campanha do republicano Donald Trump, a de construir um “impenetrável, alto, poderoso e bonito” muro entre a fronteira dos EUA com o México, foi vista com maus olhos por muita gente. O que nem todos sabem, porém, é que parte do muro que separa os dois países já está de pé – e há mais de 20 anos.
A construção do Muro do México – também chamado de Muro fronteiriço Estados Unidos-México – começou em 1991, durante o governo de George Bush, o pai, mas foi intensificada em 1994, durante a Operação Guardião (Operation Gatekeeper, em inglês). Implementada durante a gestão de ninguém menos do que o democrata Bill Clinton, a medida visava impedir a imigração ilegal na região de San Diego, Califórnia, o ponto mais ocidental da fronteira entre México e EUA.
Além de aumentar o muro, a Operação Guardião elevou o valor das multas aplicadas aos estrangeiros ilegais e liberou recursos para a Patrulha de Fronteira.
Curioso é que a construção ocorreu em um momento de integração entre os países, contemporânea à criação do Tratado Norte - Americano de Livre Comércio (NAFTA, da sigla em inglês). Com a redução de custos no tocante à troca de mercadorias entre EUA, México e Canadá, o acordo teria aproximado as nações, muito embora seu caráter fosse econômico, e não social.
A maior parte do Muro do México, que não se trata de uma extensão contínua, concentra-se pela fronteira entre San Diego, nos EUA, e Tijuana, no México, mas há seções nos estados do Arizona, Novo México e Texas. Já nos locais onde não há barreiras físicas, estão presentes “barreiras invisíveis”, como câmeras de segurança e alarmes, além da atuação da Patrulha de Fronteira norte-americana.
Atualmente, cerca de 30% da fronteira EUA - México - aproximadamente 930 quilômetros - conta com partes do muro. Mas se depender dos planos de Donald Trump, o número chegará a 100%.
Lei da Cerca de Segurança
Trump não foi o primeiro presidente com intenções de aumentar a barreira. Em 2006, o também republicano George W. Bush assinou a Lei da Cerca de Segurança (Secure Fence Act), que prevê a construção de mais 1.126 quilômetros do muro pela fronteira dos EUA com o México. Embora protestos e ações judiciais tenham impedido as obras na época, a legislação ainda existe, é válida e Trump poderá se apoiar nela para continuar com seus planos.
O republicano espera que as obras sejam custeadas pelos próprios mexicanos, intenção já rebatida pelo presidente Enrique Peña Nieto, que, apesar de todas as polêmicas envolvendo o novo presidente dos EUA, disse estar disposto a trabalhar para ter uma boa relação com o governo Trump.
Colaborou: Mariana Balan.
PT se une a socialistas americanos para criticar eleições nos EUA: “É um teatro”
Os efeitos de uma possível vitória de Trump sobre o Judiciário brasileiro
Ódio do bem: como o novo livro de Felipe Neto combate, mas prega o ódio. Acompanhe o Sem Rodeios
Brasil na contramão: juros sobem aqui e caem no resto da América Latina