O Governo venezuelano e o "chavismo" comemoraram com "felicidade absoluta" o retorno nesta segunda-feira (18) ao país do presidente Hugo Chávez, depois de mais de dois meses em Cuba, enquanto a oposição lhe deu as boas-vindas, mas exigiu maior "transparência" sobre sua doença.
"A transparência é o que convém à Venezuela", destacou em comunicado a aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), ao exigir ao Governo que "diga a verdade aos venezuelanos e obedeça à Constituição".
No comunicado, a MUD qualificou de "espetáculo" a forma como o Governo administrou o retorno do presidente, com distintas concentrações populares, e acusou o vice-presidente, Nicolás Maduro, de mentir por insistir que Chávez está "no exercício de suas funções".
A oposição exigiu, além disso, que o Governo "se dedique a fazer seu trabalho e se atreva a dialogar com o país para enfrentar os graves problemas que afetam os venezuelanos e as consequências do pacote de medidas econômicas que adotou", em alusão à desvalorização de 32% do bolívar (moeda local) na semana passada.
Enquanto isso, o líder opositor Henrique Capriles deu as boas-vindas ao líder e fez votos para que seu retorno seja "definitivo" e paralise de forma "imediata" o "pacote vermelho", em referência à desvalorização da divisa.
"Seja bem-vindo à Venezuela, tomara que seu retorno traga sensatez a seu Governo", escreveu Capriles no Twitter para criticar o Executivo liderado por Maduro desde que Chávez foi operado no último dia 11 de dezembro em Havana.
O líder opositor, que perdeu as eleições presidenciais para Chávez no último dia 7 de outubro, também expressou sua esperança que "o retorno do presidente signifique que o país vai começar a saber das coisas".
Desde que em junho de 2011 foi detectado um tumor do "tamanho de uma bola de beisebol" na zona pélvica, Chávez não revelou que tipo de câncer padece ou qual é seu diagnóstico.
Nesta segunda, diferentes porta-vozes do Governo mostraram sua alegria pelo esperado retorno do líder, mas relegaram do debate questões como seu atual estado de saúde ou a data da posse de seu novo mandato.
"O presidente vai jurar o cargo quando estiver bom e saudável", se limitou a dizer o governador do estado de Anzoátegui, o governista Aristóbulo Istúriz, na entrevista coletiva do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Juramentado
Chávez não juramentou ainda o cargo para o qual foi eleito em outubro, quando conquistou sua terceira reeleição, devido a sua doença.
A Suprema Corte de Justiça aprovou o atraso do ato de posse de forma indefinida até que possa fazê-lo, em uma sentença controvertida na qual, além disso, prorrogou as funções do Governo que deveria terminar no último dia 10 de janeiro.
O presidente aterrissou nesta madrugada no aeroporto de Maiquetía, sem que fossem exibidas imagens de sua chegada, e se dirigiu ao Hospital Militar de Caracas, onde hoje estiveram de visita vários membros do gabinete.
O líder, de 58 anos e desde 1999 no poder, teve que superar um longo pós-operatório no qual ocorreram complicações como consequência de uma hemorragia e uma infecção pulmonar que lhe gerou uma insuficiência respiratória que levou os médicos a realizarem uma traqueostomia.
"Tudo o que temos é mente positiva, oração amorosa e felicidade absoluta porque nosso comandante está aqui", declarou Maduro à televisão estatal nas primeiras horas da manhã.
Após visitar Chávez no hospital e assegurar que insistiu em não perturbar "a vida normal" do centro médico, o vice-presidente exigiu da oposição "respeito" ao líder.
"É melhor o silêncio respeitoso que as declarações que estão dando", afirmou a jornalistas.
Enquanto isso, o ministro de Comunicação, Ernesto Villegas, considerou que com o retorno do presidente ficaram "derrotadas as vozes agoureiras, aquelas que estavam colocando em interdição quanta informação o Governo divulgava a respeito da evolução de saúde do presidente Chávez".