Manifestantes leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad, invadiram brevemente a embaixada dos EUA em Damasco nesta segunda-feira, e guardas usaram munição real para impedi-los de entrar na embaixada francesa, disseram diplomatas.
A casa do embaixador norte-americano na capital síria também foi alvo de uma investida dos manifestantes partidários de Assad, segundo uma autoridade dos EUA.
"Foi a mesma coisa, um cerco. Mas todo mundo está bem", disse a fonte, acrescentando que o embaixador Robert Ford estava no complexo da embaixada quando os incidentes ocorreram e não na residência, que fica a várias quadras de distância.
Os ataques aconteceram após visitas dos embaixadores dos EUA e da França à cidade de Hama na semana passada, em apoio aos milhares de manifestantes pró-democracia que vêm se reunindo na cidade, a despeito da repressão violenta das forças sírias.
Não foram relatadas baixas nos ataques, mas um funcionário dos EUA disse que Washington condenou a demora na reação das forças sírias e o fato de não terem impedido o ataque.
"Estamos telefonando ao vice-embaixador sírio para prestar uma queixa", disse uma autoridade dos EUA, que exigiu anonimato para falar. "Sentimos que a Síria falhou em cumprir sua responsabilidade de proteger diplomatas dos EUA. Vamos condenar a demora em sua reação."
O Departamento de Estado dos EUA disse que uma emissora de TV pró-governo encorajou os ataques.
"Um canal de televisão que é fortemente influenciado pelas autoridades sírias encorajou essa demonstração violenta", disse um porta-voz do departamento em comunicado.
A França também condenou o ataque a sua embaixada em Damasco, afirmando que o incidente "viola ostensivamente" as leis internacionais.
1.400 MORTOS
Grupos de defesa dos direitos humanos dizem que pelo menos 1.400 civis já foram mortos desde o início, em março, do levante contra o governo autocrático de Assad, gerando a maior ameaça a sua liderança desde que ele sucedeu a seu pai, há 11 anos.
Em outros incidentes de violência nesta segunda-feira, forças sírias mataram um civil e feriram 20 outros em disparos de metralhadoras pesadas em Homs, a terceira maior cidade do país, e vasculharam casa por casa em Hama, prendendo suspeitos opositores, disseram ativistas dos direitos humanos.
Apesar de usar força para esmagar os protestos, Assad também vem lançando chamados por um diálogo sobre reformas. Mas muitas figuras oposicionistas se recusaram a participar de uma conferência de dois dias na capital, dizendo que é inútil enquanto a violência continuar.
"O diálogo só pode funcionar quando as duas partes se respeitam mutuamente e se vêem como iguais", disse Ayman Abdel-nour, editor residente no Golfo do site all4syria.com . "No momento, não existe diálogo."
O vice-presidente Farouq al-Shara disse na abertura da conferência de Damasco, no domingo, que as autoridades vão abrir uma página nova, dando a entender que permitirão que outros partidos políticos além do governista Partido Baath operem no país.
A expectativa era que a conferência discutisse legislação que permitiria um sistema multipartidário, além de emendas constitucionais.
Mas analistas independentes disseram que as reformas não sairão do papel enquanto o aparelho de segurança e os partidários de Assad continuarem a agir com impunidade contra manifestantes.
Hilal Khashan, comentarista político residente no Líbano, disse que o chamado de Assad por um diálogo não é sério e que visa comprar tempo.
"Se o regime fosse sério em relação a reformas, mudaria suas medidas de segurança," disse ele. "Ninguém em sã consciência espera que qualquer coisa vinda de Damasco seja uma reforma política genuína. O regime está comprando tempo."
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