O principal partido nacionalista hindu da Índia recusou-se, nesta segunda-feira (23), a retirar a candidatura do bisneto do primeiro premiê da Índia, mesmo depois de a Comissão Eleitoral tê-lo condenado por fazer discursos que incitam a violência contra muçulmanos. Varun Gandhi, de 29 anos, é bisneto de Jawaharlal Nehru, o fundador da democracia secular na Índia. Ele foi filmado comparando um político rival muçulmano a Osama bin Laden e ameaçando cortar as gargantas de muçulmanos durante dois comícios políticos no início desde mês.
Gandhi é neto da ex-primeira-ministra Indira Gandhi e integrante de uma dinastia de políticos que tem dominado o Partido do Congresso. Ele, porém, é integrante do nacionalista hindu Partido Bharatiya Janata.
Na noite de domingo, a comissão o condenou por incitar o ódio e pediu ao partido que retirasse sua candidatura, dizendo que sua manutenção seria "percebida como endosso a seus atos imperdoáveis de incitar a violência e criar sentimentos de inimizade e ódio entre duas classes diferentes de cidadãos da Índia". O partido recusou-se a tomar a medida.
"A comissão não tem autoridade para dar tal direcionamento a um partido político", disse Balbir Punj, líder do partido, após consultar a diretoria da agremiação.
Ele não divulgou o conteúdo dos discursos de Gandhi. Mas, na semana passada, o partido buscou se dissociar dos comentários do candidato.
O comunicado da Comissão Eleitoral diz que os discursos de Gandhi "continham altas referências depreciativas e linguagem seriamente provocativa de natureza completamente inaceitável". A comissão informou que não tem autoridade para impedir Gandhi de participar das eleições a menos que ele tivesse sido condenado por um tribunal.
A comissão rejeitou as afirmações de Gandhi de que as imagens de seus discursos haviam sido modificadas, dizendo que "está completamente convencida de que o CD não foi manipulado, modificado ou transformado".
A Comissão Eleitoral já havia solicitado a abertura de uma acusação criminal, no Estado de Uttar Pradesh, onde Gandhi concorre às eleições, por "promover o ódio", disse Rajesh Malhotra, porta-voz da comissão. Se condenado, Gandhi pode ser impedido de participar do pleito e detido por até cinco anos.
As imagens, gravada em comícios nos dia 6 e 8 de março em Pilibhit, um eleitorado que já foi da mãe de Gandhi, Maneka Gandhi, nora da primeira-ministra Indira Gandhi, foi transmitido pela televisão repetidas vezes na semana passada.
"Todos os hindus fiquem deste lado e enviem os outros para o Paquistão", diz ele no vídeo.
"Esta é a mão de lótus", disse ele, referindo-se ao símbolo do Partido Bharatiya Janata. "Ela irá cortar suas gargantas após as eleições".
Os muçulmanos representam 14% dos 1,1 bilhão de cidadãos indianos. Muçulmanos e a maioria hindu têm uma longa história de tensões e desconfiança que muitas vezes resulta em violência.
Gandhi pertence à poderosa dinastia Nehru-Gandhi, que fez três primeiros-ministros em seis décadas e está ligada a governos seculares e à tolerância em relação a minorias religiosas. As informações são da Associated Press.
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