Judeus repudiam queima de bandeira
A comunidade judaica do Paraná repudiou a queima da bandeira de Israel durante passeata contra o conflito na Faixa de Gaza realizada na manhã de ontem, no Centro de Curitiba. O presidente da Federação Israelita do Paraná (FIP), Isac Baril, reconhece que a comunidade árabe tem todo o direito de se manifestar, mas avalia que a queima da bandeira israelense é uma afronta ao símbolo de um país democrático.
Yossi Mekelberg
Se não condena completamente a ação de Israel em Gaza, Yossi Mekelberg, especialista em relações árabe-israelenses da Chatham House, um prestigiado centro de estudos internacionais baseado em Londres, acredita que o governo de seu país esteja cometendo um erro de cálculo com graves consequências no longo prazo. Segundo o acadêmico israelense, a estratégia adotada por Israel não só poderá provocar o aumento do ressentimento dos palestinos, como também poderá abrir espaço para uma maior penetração da al-Qaeda na região.
Curitiba e Foz do Iguaçu - Cerca de mil pessoas se reuniram ontem pela manhã na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, para uma manifestação contra a guerra na Faixa de Gaza. O dado é dos organizadores do protesto, o Comitê Árabe Brasileiro de Solidariedade, que reuniu árabes e não árabes para uma passeata que percorreu a Rua XV de Novembro e terminou em frente à Praça Osório. Ao final da passeata, que durou cerca de uma hora e não registrou incidentes, um grupo de manifestantes queimou uma bandeira de Israel.
Entre os manifestantes, que eram de todas as idades, havia tanto descendentes de árabes quanto brasileiros que manifestavam seu apoio à causa palestina e condenavam a atitude dos judeus ou defendiam a paz.
"Não é nem uma guerra o que está acontecendo lá; é um massacre", diz o estudante Mário de Andrade, tesoureiro da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), que participava do protesto. Outros manifestantes vestiam camisetas do Hamas e do grupo libanês Hezbollah, e entoavam gritos de guerra como "do povo palestino, Israel é assassino". "Eu apoio integralmente a causa do Hamas. Sempre estou do lado dos povos que são oprimidos pelo imperialismo dos Estados Unidos, e Israel é uma base americana no Oriente Médio", acusa o empresário Rogério Martins de Oliveira, 30 anos, que também participava da manifestação.
Entre os descendentes de árabes, o sentimento era um misto de tristeza e indignação. "Eu fiquei boba vendo a televisão, de tanto grito. Mulheres e crianças estão sendo mortas. Eles (os judeus) não têm coração; não são humanos, são animais", disse a libanesa Nawal Hammoud, de 72 anos, que mora há 55 anos no Brasil. Para o também libanês Mustafa Zahra, que está há 30 anos em Curitiba, os israelenses têm usado pretextos para atacar os palestinos. "Eles estão fazendo um genocídio. Nos últimos combates, apenas 10 israelenses morreram. Quem é o maior agressor?"
Alguns participantes aderiam apenas ao apelo pela paz. "Somos contra qualquer tipo de guerra. Independentemente de política ou de religião, somos todos irmãos", declarou a atriz e produtora de teatro Gilda Elisa, que estava acompanhada da também atriz Mara Rangel. Mara vestia um lenço com a bandeira palestina. "Enquanto eles têm pedras, os israelenses têm mísseis. Eles são os mais frágeis nesse momento", justifica. O presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná, Jamil Iskandar, que também fez parte da organização do evento, destacou que a manifestação não era contra o povo judeu. "Eles também estão sofrendo. Estamos protestando contra o sionismo, que quer aniquilar o povo palestino. A palavra de ordem é a paz."
Apesar dos apelos dos organizadores, um grupo de manifestantes queimou uma bandeira de Israel ao final do protesto. Sobre o fato, Francisco Manoel de Assis França, ligado ao Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (CebraPaz) e um dos organizadores do evento, explica que qualquer pessoa podia se manifestar da forma que quisesse. "Não aceitávamos apenas atitudes de grupos skinheads", diz.
Foz do Iguaçu
Na fronteira com o Paraguai, o dia também foi de protesto contra a guerra. Cerca de mil pessoas percorreram toda a extensão da Avenida Brasil principal via central de Foz do Iguaçu, no Oeste do estado - para pedir o fim da ofensiva israelense.
O ato de repúdio contou com a participação de várias das 50 famílias palestinas que vivem na região, representantes da colônia árabe, políticos e líderes religiosos.
Organizações, sindicatos e entidades culturais também demonstraram o apoio à causa palestina. Dezenas de crianças com fotos e cartazes chamaram a atenção para o massacre que em duas semanas já contabiliza quase 800 mortos.
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