Relação entre Dilma e Patriota sempre foi conturbada
A relação entre o ex-chanceler Antonio Patriota e a presidente Dilma Rousseff nunca foi tranquila. Secretário-geral sob Celso Amorim, Patriota foi indicado à presidente pelo atual ministro da Defesa. Dilma, que nunca teve muito apreço pela diplomacia, gostou do perfil discreto e contido do embaixador mas, em pouco mais de dois anos e meio, não foram poucas as vezes em que entrou em crise com seu chanceler.
Posse do novo ministro será na quarta
Agência Estado
A posse do novo ministro Luiz Alberto Figueiredo, atual representante do Brasil junto às Nações Unidas, deverá ocorrer na quarta-feira, 28, já que ele desembarca no Brasil nesta terça-feira, 27. Dilma distribuiu nota oficial informando que "aceitou" o pedido de demissão de Patriota e agradecendo a sua "dedicação e empenho nos mais de dois anos que permaneceu no cargo" e anunciou sua indicação para a Missão do Brasil na ONU. Luiz Figueiredo já acompanha a presidente Dilma na próxima sexta feira, 30, na reunião da Unasul, em Paramaribo. Dilma Rousseff não telefonou para Evo Morales. Deve encontrá-lo apenas na reunião da Unasul.
Patriota vira representante do Brasil na ONU
Agência Brasil
Após dois anos e oito meses como ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, de 59 anos, deixa o cargo para ser o novo representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). Com 34 anos de carreira, Patriota antes de ser nomeado chanceler foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores. Filho de chanceler, Patriota construiu uma carreira baseada na disciplina, na articulação e em negociações multilaterais.
O ex-chanceler conheceu a presidente Dilma Rousseff quando era embaixador do Brasil em Washington (Estados Unidos), de 2007 a 2009. Anteriormente, Patriota foi subsecretário-geral Político do Ministério das Relações Exteriores, de 2005 a 2007, e secretário de Planejamento Diplomático do Ministério das Relações Exteriores, em 2003.
Com perfil de negociador, Patriota tem um estilo sóbrio. Recentemente, o ex-chanceler chamou a atenção pela firmeza com que tratou as denúncias de espionagem envolvendo agências norte-americanas e cidadãos brasileiros. Ao lado do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, Patriota cobrou explicações dos Estados Unidos e o fim da espionagem.
Como diplomata de carreira, Patriota serviu também na missão permanente do Brasil em organismos internacionais em Genebra, na Suíça (1999-2003). Ele foi, por dois anos, representante alterno na Organização Mundial do Comércio (OMC) e também integrou a delegação brasileira no Conselho de Segurança da ONU (1994-1999).
Na ONU, como representante do Brasil, Patriota deverá participar de discussões como a busca por consenso em situações de crise. Atualmente, a comunidade internacional está em alerta devido ao agravamento da situação na Síria, em decorrência da suspeita de uso de armas químicas contra civis, e do Egito deflagrado pelas manifestações violentas e confrontos constantes.
Deputados lamentam saída de Patriota
Membros da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados se surpreenderam com a demissão do ministro Antonio Patriota na noite desta segunda-feira, 26. Parlamentares governistas e da oposição lamentaram a saída dele em função do episódio envolvendo a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil.
Governo boliviano chegou a propor "plano de fuga"
O governo da Bolívia chegou a propor extraoficialmente, há cerca de sete meses, um "plano de fuga" do senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava asilado havia 15 meses na embaixada brasileira naquele país.
Advogado compara Molina a Snowden e Assange
O advogado do senador boliviano Roger Pinto Molina, Fernando Tibúrcio Peña, comparou hoje (26) a situação do seu cliente à de Julian Assange e Edward Snowden. "Ele é um exilado político, então ele continua na condição de exilado: a mesma situação que hoje tem o Snowden, na Rússia, ou o Julian Assange, no Equador. É exatamente a mesma", disse.
Desgastado com a operação de "resgate" do senador boliviano Roger Pinto que provocou uma crise diplomática com a Bolívia, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, foi obrigado nesta segunda-feira (26) a pedir demissão. A conversa entre a presidente e o ministro foi rápida, no Palácio do Planalto.
Patriota já vinha enfrentando uma série de desgastes com a presidente e o episódio envolvendo o encarregado de negócios da embaixada brasileira na Bolívia foi considerado uma quebra de hierarquia, e, principalmente, uma quebra do princípio internacional do asilo. Um auxiliar da presidente disse que isso é inaceitável e não há como o comandante, no caso Patriota, deixar de responder pela operação. A saída de Patriota, com quem Dilma já se desgastara, precipita a reforma ministerial programada para o fim do ano.
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A irritação da presidente Dilma era maior porque a quebra da hierarquia do embaixador interino do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, subordinado de Antonio Patriota, não se resumia à operação da madrugada de domingo, 25. Há seis meses, o governo da Bolívia havia feito proposta ao governo brasileiro de que senador boliviano fosse levado de carro até a fronteira com o Brasil e deixado lá, "sem que fosse de conhecimento" do governo local. O senador teria de percorrer 1600 km, durante 22 horas, de carro, até chegar à fronteira brasileira tornando a sua liberdade um fato consumado.
Ao tomar conhecimento desta proposta, a presidente Dilma disse que não concordava. Na época, a presidente Dilma reagiu avisando que, se acontecesse alguma coisa com o senador, neste longo trajeto, um acidente, ou qualquer coisa, o governo brasileiro seria responsável, já que era o Estado brasileiro era o guardião da sua segurança e da sua vida. Dilma insistiu que a vida do senador não poderia ser colocada em risco.
Portanto, reiterava Dilma, havia uma clara determinação da presidente da República de que não fosse feito o trajeto de carro com o senador, por causa do risco e da responsabilidade e, apesar da ordem dada, o embaixador interino do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, a desafiou e montou a operação de fuga de Roger Pinto. Para Dilma, ao decidir pela operação, Eduardo Saboia assumiu o risco e deve responder por isso.
Dilma já havia conversado com Patriota e determinado que ele cancelasse sua viagem à Finlândia e permanecesse no Brasil para resolver este problema. A presidente estava "inconformada" com o episódio e com a quebra de hierarquia e queria saber exatamente quem sabia da operação idealizada por Saboia. Por isso, convocou no início da tarde desta segunda ao Planalto, os ministros da Defesa, Celso Amorim, a quem estavam subordinados os fuzileiros que fizeram a segurança do senador boliviano e às Forças Armadas e da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a Polícia Federal está subordinada. Queria saber se eles sabiam da operação.
Eduardo Saboia será submetido a um processo administrativo e deverá ser "severamente" punido, segundo fontes do Palácio, pelo que a presidente Dilma está chamando de "grave quebra de hierarquia". O Ministério das Relações Exteriores (MRE), Itamaraty, decidiu instaurar uma comissão de sindicância para apurar responsabilidades sobre a retirada do senador boliviano. A comissão será formada por três pessoas que serão nomeadas pelo ministério.
Durante a tarde desta segunda-feira (26), o senador, que está abrigado na casa do advogado Fernando Tiburcio, em Brasília, apareceu na porta da residência e posou para fotógrafos que estão fazendo plantão no local. Ele se recusou a responder perguntas sobre seus planos de agora em diante e limitou-se a dizer que ama o Brasil. Seu advogado disse que não há risco de o senador ser deportado ou extraditado. E comparou seu status ao do ativista Julian Assange, no Equador, e do ex-técnico da CIA Edward Snowden, na Rússia. "Só (será extraditado) se acontecer uma coisa heterodoxa, que acho que não tem o menor sentido", disse Tiburcio. "Ele é um asilado político. Foi concedido asilo a ele."
Mais cedo, o governo boliviano acusou o Brasil de descumprir normas de direito internacional na forma como recebeu o senador e exigiu à representação brasileira explicações oficiais sobre o caso. Ele estava asilado havia mais de um ano, alegando perseguição política do governo de Evo Morales.
Mas, de acordo com o blog "Panorama Político", há sete meses os ministério da Justiça e das Relações Exteriores do Brasil negociam com a Bolívia a concessão e um asilo para o senador. Segundo integrantes qualificados do governo Dilma, foram as autoridades do governo boliviano que fizeram a sugestão informal para que Roger Pinto saísse da embaixada, viajasse por terra ao Brasil, com a garantia de que ele não seria barrado.
Senador diz que "houve negligência" no caso do boliviano
O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), considerou nesta segunda-feira que houve negligência por parte do Itamaraty em relação à situação do senador boliviano Roger Pinto.
As declarações do senador foram feitas ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, ao ser questionado como avaliava a demissão do Ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, ocorrida na noite desta segunda-feira, 26, horas depois da fuga do senador boliviano para o Brasil.
"Não sei quais foram as motivações que levaram a presidente Dilma a exonerar o ministro. Mas houve negligência do Ministério de Relações Exteriores de conseguir uma solução adequada para o episódio que pode ter gerado essa crise', afirmou o senador.
Segundo Ferraço, o encarregado de negócios da embaixada brasileira em La Paz, Eduardo Sabóia, que conduziu Roger Pinto ao Brasil, avisou várias vezes os superiores sobre a condição "insustentável" do parlamentar boliviano.
"O Sabóia me disse que tinha relatado a situação do senador boliviano aos superiores, que ela estava insustentável, e que ele não iria prevaricar. O contato foi feito pessoalmente em Brasília quando ele esteve por duas vezes e por telefone também" afirmou Ferraço.
"Sabóia fez ajudou na fuga do boliviano pelo instinto de solidariedade humana. Os seus superiores não tiveram a leitura adequada do processo", acrescentou.
Ricardo Ferraço informou que vem negociando com o diplomata a possibilidade de ele prestar esclarecimento na Comissão na próxima quinta-feira. Nesta terça-feira, 27, está prevista uma coletiva de imprensa em que o senador boliviano dará a sua versão para o episódio.
Quanto à possibilidade de o parlamentar do país vizinho ser deportado, Ricardo Ferraço considerou a ideia como "o fim do mundo". "Se acontecer, colocará em risco a vida do senador boliviano", concluiu.
Diplomata de carreira, novo chanceler destacou-se na Rio+20
Agência Brasil
O novo ministro das Relações Exteriores é o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, de 57 anos. Diplomata de carreira, Figueiredo Machado foi o negociador-chefe da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho do ano passado, no Rio de Janeiro. Na ocasião, ele se destacou pela habilidade e conquistou a confiança da presidente Dilma Rousseff pela disposição em negociar pacientemente com os que resistiam a acordos na Rio+20.
De personalidade introspectiva, Figueiredo Machado é contido nas palavras e é apontado como um estrategista. Acostumado a longas negociações, o novo chanceler não costuma demonstrar cansaço, nem impaciência. Ele e Dilma se conheceram na Conferência das Partes (COP), na Dinamarca, quando a presidente ainda estava na Casa Civil.
Figueiredo Machado tem uma longa trajetória com negociações multilaterais e bilaterais referentes não só às questões ambientais, como também à área de energia. Na Rio+20, ele chamou a atenção pelo bom-humor, mesmo diante de perguntas embaraçosas e repetitivas.
Após a Rio+20, Figueiredo Machado foi nomeado representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). A nomeação para a ONU é considerada, entre os diplomatas, valorização do profissional, pois a entidade é o principal órgão internacional de negociações multilaterais.
A ONU também obriga os representantes das delegações dos diversos países a travar acordos bilaterais e específicos. Assuntos como paz, segurança e meio ambiente são apenas alguns dos vários colocados em debates constantes no órgão.
A sede em Nova York engloba a presidência da ONU, a Secretaria-Geral e o Conselho de Segurança. Porém, há, ainda espaços de discussão e definições em Viena (Áustria), Genebra (Suíça), Nairóbi (Quênia) e Haia (Países Baixos).
A diplomacia brasileira costuma ser elogiada por se caracterizar pela construção de consensos, pelo fim das polarizações e pela manutenção constante de diálogos e acordos. Nos últimos anos, as questões relativas à defesa de direitos humanos ganharam mais força para a delegação brasileira, que ressalta a importância de preservação, manutenção e defesa desses princípios.
Diplomata que trouxe senador boliviano ao Brasil é afastado
Folhapress
O Itamaray afastou hoje o diplomata Eduardo Saboia, pivô da crise que derrubou o chanceler Antonio Patriota, das funções que exercia na Embaixada do Brasil na Bolívia. Ele ficará afastado enquanto responde ao inquérito aberto no órgão.
Saboia se reuniu hoje com o secretário geral do Itamaraty, Eduardo dos Santos e com o também embaixador Antonio Simões.
Saboia vai contratar advogados para se defender no inquérito.
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