Um grupo de cientistas conseguiu extrair DNA dos pêlos de 13 mamutes-lanosos siberianos. Para os pesquisadores, a técnica prova que é possível usar até exemplares de museu para obter informação genética de espécies antigas e extintas.
Segundo os pesquisadores, foi possível seqüenciar ("soletrar") DNA a partir de pêlos de mamute que "tinham estado numa gaveta durante 200 anos", e cuja idade é de pelo menos 50 mil anos. Agora, eles estão pedindo a museus do mundo todo amostras de pêlo, penas e até chifre, numa tentativa de descobrir novas informações sobre as criaturas guardadas nas instituições.
"Para mim, a chave desse estudo é a extinção. Como os grandes mamíferos se extinguem? Acho que vamos conseguir entender melhor isso", afirma Webb Miller, professor de biologia e especialista em genômica da Universidade do Estado da Pensilvânia (Estados Unidos). Pequenas diferenças genéticas poderiam trazer pistas sobre o porquê da extinção de algumas espécies, e não de outras.
Ainda é muito comum a idéia de que o DNA, uma molécula delicada, não seria capaz de sobreviver a não ser que algo extraordinário acontecesse -- o congelamento rápido do cadavér de um animal logo após sua morte, por exemplo. Mas a pesquisa, publicada na revista "Science" desta semana, mostra que esse não é necessariamente o caso. O DNA foi encontrado no interior dos pêlos, e não em suas raízes, e estava em estado de conservação melhor que o de amostras tiradas de ossos, conta Miller. A contaminação com DNA de bactérias também era menor.
Surpresa agradável
Uma amostra da Rússia se mostrou a mais interessante. A múmia de mamute, quase perfeitamente preservada, foi achada em 1799 por um caçador da tribo tungus, que coletou o marfim no verão de 1804. O esqueleto está em exposição até hoje no Museu Zoológico de São Petersburgo. Junto com os ossos, os exploradores recuperaram 16 kg de pêlos de mamute.
As amostras foram guardas por 200 anos em temperatura ambiente, e mesmo assim os cientistas conseguiram obter o DNA que desejavam. "Foi uma surpresa, e uma surpresa muito agradável", diz Miller. "Há um monte de espécies extintas que ainda possuem amostras de pêlo. Estamos pensando em analisar algumas delas. Então, se alguém tiver uma amostra muito legal, por favor nos avise."