Não dá mais para negar: o temido vilão da série "Parque dos Dinossauros", considerado um caçador gregário, rápido e inteligente, deve ter tido a aparência de uma galinha supercrescida. Estamos falando do Velociraptor mongoliensis, um bicho que, além de ter sido retratado na ficção com tamanho bem maior que o real, tinha o corpo recoberto por penas idênticas às das aves de hoje, segundo um novo estudo. Em resumo, um peruzão.
É verdade que ninguém achou um fóssil do dinossauro -- o qual, em vida, teria medido 1,5 m e pesado apenas 15 kg -- recoberto de plumas. Mas a evidência que dedurou o lado penoso da fera é quase tão boa quanto uma pena de verdade: pequenos orifícios num antebraço fossilizado de Velociraptor. Esses orifícios são praticamente idênticos, em espaçamento e formato, aos que aparecem ainda hoje nas aves modernas e servem de "encaixe" para as plumas.
A análise do antebraço penoso de Velociraptor foi conduzida por Alan Turner e seus colegas do Museu Americano de História Natural e está na edição desta semana da prestigiosa revista "Science". No artigo científico de apenas uma página, Turner e companhia explicam que, entre as aves de hoje, os orifícios de inserção nos ossos do antebraço são uma prova segura da presença de penas de tipo moderno.
Ou seja, o Velociraptor não teria seus membros superiores cobertos apenas com uma penugem vaga, mas apresentaria também estruturas complexas e organizadas -- a única diferença seria a falta das penas assimétricas que hoje permitem o vôo, uma vez que, até onde se sabe, o bicho não era voador.
No espécime analisado, oriundo de um famoso sítio paleontológico da Mongólia, os pesquisadores encontraram orifícios espalhados de forma regular, a 4 mm de distância um do outro. Com isso, eles estimam que o Velociraptor apresentava cerca de 14 penas secundárias (as do tipo complexo, mais elaboradas que simples penugens), o que o coloca no nível da mais antiga ave, o Archaeopteryx, que possuía 12 delas.
A descoberta faz todo o sentido, uma vez que o Velociraptor e os outros dinos de seu grupo são considerados os parentes mais próximos das aves -- aliás, tudo indica que elas evoluíram a partir de um desses bichos.