Pesquisadores paranaenses passam bem, dizem famílias
A Gazeta do Povo apurou, neste domingo (26), que pelo menos quatro das cinco pesquisadoras paranaenses já fizeram contato com parentes em Curitiba e cidades da região. Elas passam bem e estão instaladas em hotéis aguardando o voo de retorno ao Brasil depois do incêndio que destruiu a Estação Comandante Ferraz, na Antártida.
As cinco pesquisadoras da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que estavam na Estação Comandante Ferraz, na Antártida, chegam a Curitiba nesta segunda-feira (27), provavelmente no período da manhã. A informação foi confirmada por representantes da Marinha e da Embaixada Brasileira durante uma reunião realizada próximo ao meio dia, deste domingo (26), em Punta Arenas, extremo Sul do Chile.
Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) trará o grupo de cerca de 60 brasileiros, que foi resgatado após o incêndio na Estação Comandante Ferraz. O voo sem escalas sai do Chile ao Brasil na noite deste domingo, chegando à Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, na madrugada de segunda-feira. Logo após, cada passageiro segue para sua cidade.
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Retorno
No encontro realizado no início desta tarde, os representantes do governo brasileiro confirmaram aos pesquisadores que o Hércules C-130, aeronave que está em Punta Arenas, decola do Chile durante à noite desde domingo, ainda sem horário preciso de saída. Todo o grupo deve ser levado ao Rio e de lá cada integrante seguirá em voos comerciais para seus respectivos estados. A previsão é que o pouso no Galeão aconteça na madrugada de segunda.
A possibilidade do avião realizar uma escala em Pelotas, no Rio Grande do Sul, teria sido descartada. A alternativa foi cogitada porque na ida ao Chile na tarde deste sábado, o Hércules parou na cidade gaúcha. Lá funciona a base a Estação de Apoio Antártico, ligado a Universidade Federal de Rio Grande (FURG).
A coordenadora da pós-graduação em Ecologia e Conservação da UFPR, Lucélia Donatti, veterana em estadas na Antártida para pesquisas e que está em Curitiba, informou que as pesquisadoras paranaenses confirmaram a chegada na segunda. "As passagens já foram compradas, mas elas não sabiam o horário do voo para Curitiba."
Pesquisadores
Pelo menos cinco pesquisadoras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estavam na Estação Comandante Ferraz, na Antártida, e viram de perto a destruição da base científica no Pólo Sul na madrugada deste sábado devido a um incêndio. Elas fazem parte do grupo de cerca de 60 pessoas, entre civis e oficiais da Marinha, que estavam no local participando de missões científicas e militares. O incidente resultou na morte de dois militares e um terceiro ficou ferido.
Das cinco paranaenses, quatro delas fazem parte do Laboratório de Biologia Adaptativa do Departamento de Biologia Celular da UFPR: Cintia Machado (doutoranda em Biologia Celular e Molecular); Nádia Sabchuk (mestranda em Ecologia e Conservação); e Maria Rosa Pedreiro e Priscila Krebsbash (ambas mestrandas em Biologia Celular e Molecular). Todas estavam na Antártida para estudar peixes.
A quinta pesquisadora da UFPR é a professora sênior Therezinha Absher, ligada ao Centro de Estudos do Mar (CEM) no Litoral do estado. Ela estuda organismos bentônicos (que vivem associados aos sedimentos), principalmente ostras. Pessoas consultadas pela reportagem, disseram que a professora Absher dificilmente viaja sozinha para a Antártida, porém não foi possível confirmar até a noite deste sábado se algum aluno dela acompanhava-a nesta viagem.
A coordenadora da pós-graduação em Ecologia e Conservação da UFPR, Lucélia Donatti, veterana em estadas na Antártida para pesquisas, disse que as quatro pesquisadoras do setor de Biologia estão bem e todos os familiares delas já foram contatados para tranquilizá-los. Ainda não foi possível saber se a professora Absher já conversou com familiares.
Segundo Lucélia, a professora Cintia ligou por volta das 2h30 deste sábado (o incêndio começou perto das 2h) para avisá-la do acidente. "Lá na estação a comunicação é muito boa. A internet e o telefone funcionam bem. Quando ela (a Cintia) viu que a coisa estava séria, ela me ligou para tratar de coisas pessoais, como avisar os familiares e falar sobre os passaportes", contou.
Apesar das paranaenses não terem ficado feridas, elas perderam vários objetos pessoais, inclusive documentos. Porém, a professora lembra que a maior perda será científica já que todo o material coletado durante o período de "verão" no Pólo Sul foi queimado. A fase mais intensa de pesquisa dura de novembro até o início de março. Portanto, as pesquisadoras retornariam nos próximos dias com as coletas realizadas até agora. "Quando você vai para lá recebe licenças para coletar bichos, abater animais, etc. O material que era da Federal, nós perdemos tudo", falou Lucélia.
A professora lamentou ainda a perda de equipamentos e do investimento realizado pelo país no Projeto Antártico Brasileiro, mas ele se mantém otimista. "Não é que o programa acabou (com o incêndio) porque a estação era uma base. Há vários pesquisadores de diversas áreas fazendo trabalhos em pontos diferentes da Antártida", declarou.
Resgate
Durante este sábado, as cerca de 60 pessoas que estavam na estação foram resgatadas e transferidas para a base chilena Eduardo Frei, ainda na Antártida. Brasil e Chile têm uma forte parceria e cooperação na região. De helicóptero, a viagem dura cerca de 20 minutos e de navio cerca de 2h30. Ainda não há confirmação, mas é provável que todos tenham sido resgatados de helicóptero.
Desta base chilena, o grupo de brasileiros foi levado para a cidade de Punta Arenas com um avião da Força Aérea Argentina (FAA) em uma viagem de até cinco horas.
Dois militares morreram
O Ministério da Defesa confirmou no início da noite de sábado que foram encontrados os corpos dos dois militares desaparecidos desde a madrugada na Estação Comandante Ferraz. O suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos estavam desaparecidos após o incêndio que atingiu o local por volta das 2h na praça de máquinas, onde ficam os geradores de energia. Os dois participavam do grupo de apoio que tentava apagar o incêndio.
O primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros ficou ferido e foi transferido para a base chilena. O ministro da Defesa, Celso Amorim, recebeu a informação de que os corpos foram encontrados pelo comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Júlio Soares de Moura Neto. A Força Naval enviará uma equipe de peritos para identificá-los com exatidão e confirmar os óbitos. "Num ato de heroísmo, eles estiveram justamente no local de maior risco, na tentativa de debelar o incêndio e não conseguiram. Todos os pesquisadores e funcionários civis foram resgatados e já se encontram no continente, no Chile, e amanhã (domingo) já devem estar de volta ao Brasil", disse Amorim.
Limpeza
O Ministério da Defesa informou ainda que doze militares da Marinha, inclusive o comandante da base, ficaram na base chilena, que é vizinha à brasileira na Ilha Rei George, na Antártida. Eles devem retornar a Comandante Ferraz, para ajudar no trabalho de perícia e no resgate dos dois corpos. Um navio da Marinha brasileira também se deslocou para a Ilha Rei George, para ajudar na tarefa.
A coordenadora da pós-graduação em Ecologia e Conservação da UFPR, Lucélia Donatti, disse que o principal desafio depois do resgate é fazer a limpeza da base brasileira, já que ela está instalada em uma área sensível ambientalmente. "A prioridade vai ter que ser a limpeza para não danificar o meio ambiente antes da chegada do inverno", afirmou.
O ministro Celso Amorim, disse em entrevista à Agência Brasil, que os planos de reconstrução da base começam segunda-feira (27).
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