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Thomas Steitz, 69 anos, um dos vencedores do Nobel de Química | Reuters
Thomas Steitz, 69 anos, um dos vencedores do Nobel de Química| Foto: Reuters
  • Israelense Ada Yonath, de 70 anos
  • Venkatraman Ramakrishnan, de 57 anos, nascido na Índia
  • Os americanos Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz e a israelense Ada Yonath estudam a química da vida

Os norte-americanos Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz e a israelense Ada Yonath ganharam o Prêmio Nobel de Química, anunciado nesta quarta-feira em Estocolmo. A distinção premiou pesquisas sobre a estrutura e o funcionamento dos ribossomos, que abriram caminho para a produção de novos antibióticos.

A Real Academia de Ciências da Suécia afirmou que o trabalho do trio foi fundamental na compreensão científica da vida e ajudou pesquisadores a desenvolverem curas com antibióticos para várias doenças.

Ada, de 70 anos, é a quarta mulher a levar o Nobel de Química e a primeira desde 1964, quando a britânica Dorothy Crowfoot Hodgkin obteve o prêmio.

"Eu estou muito, muito feliz", disse Ada. "Eu achei incrível quando a descoberta foi feita. Nós ainda não sabemos tudo, mas progredimos bastante", opinou.

Os ribossomos são cruciais para a vida porque produzem as proteínas que controlam a química das plantas, dos animais e dos seres humanos. Trabalhando separadamente, os três laureados utilizaram um método chamado cristalografia de raios X para traçar mapas da posição de cada um dos centenas de milhares de átomos que constituem o ribossomo, informou a academia.

Os três laureados deste ano desenvolveram modelos tridimensionais que mostram como antibióticos diferentes estão veiculados aos ribossomos. "Esses modelos são utilizados atualmente por cientistas para desenvolver novos antibióticos, apoiando diretamente o salvamento de vidas e atenuando o sofrimento da humanidade", lembrou a academia sueca em comunicado.

Muitos dos antibióticos atuais curam as doenças ao bloquear a função dos ribossomos das bactérias, diz o comunicado. "Sem ribossomos em funcionamento, a bactéria não pode sobreviver. É por isso que os ribossomos são um alvo importante dos novos antibióticos", explica o documento.

O trabalho foi publicado no ano 2000. Enquanto muitos vencedores do Nobel são agraciados por trabalhos conjuntos, os vencedores do prêmio de química deste ano estavam competindo uns com os outros, disse Mans Ehrenberg, integrante do comitê que escolhe os laureados.

O trabalho dos cientistas se baseia na teoria da evolução de Charles Darwin e, mais diretamente, no trabalho feito por James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins, que em 1962 ganharam o Nobel de medicina pelo mapeamento da dupla hélice do DNA, diz o comunicado da academia.

Em 2006, Roger D. Kornberg conquistou o Nobel de química por ter realizado raios X que mostraram como a informação é copiada para enviar mensagens para moléculas de RNA, que levam informações do DNA para os ribossomos.

"Agora, uma das últimas peças do quebra-cabeças foi acrescentada: a compreensão de como as proteínas são feitas", disse o professor Gunnar von Heijne, da Academia Sueca de Ciências, e que presidente o comitê do prêmio de química.

Ramakrishnan, de 57 anos, é o principal cientista e o líder do grupo da Divisão de Estudos Estruturais do Laboratório de Biologia Molecular em Cambridge, Inglaterra. O cientista, nascido na Índia, disse que não se acreditou quando recebeu a chamada telefônica da academia.

"Eu pensei que fosse uma piada. Tenho amigos que fazem esse tipo de piada", contou ele por telefone. "Eu cumprimentei a pessoa que me ligou por seu sotaque sueco."

Steitz, de 69 anos, é professor de biofísica molecular e bioquímica na Universidade de Yale e pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes.

"Bem, estávamos todos tentando chegar ao mesmo objetivo de forma independente e queríamos alcançá-lo o mais rápido possível. Eu não acho que foi uma competição pessoal, mas uma espécie de corrida", disse ele. "Estávamos fazendo abordagens diferentes."

Ada é professora de biologia estrutural do Instituto de Ciência Weizmann em Rehovot, Israel, e o nono cidadão israelense a ganhar um Nobel. Ela disse a uma rádio de Israel que não acha que o fato de ser mulher tenha influenciado a decisão.

"É verdade que uma mulher não ganha o prêmio desde 1964. Mas eu não sei o que isso significa. Isso quer dizer que sou a melhor mulher desde então? Eu não acho que o sexo tenha influenciado", declarou.

O prêmio, anunciado nesta quarta-feira, inclui um cheque de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,4 milhão), um diploma, uma medalha de ouro e um convite para a cerimônia de entrega dos prêmios em Estocolmo, em 10 de dezembro.

"Como os ribossomos são cruciais para a vida, eles também são um grande alvo para os novos antibióticos", disse o Comitê do Nobel para a Química da Real Academia Sueca de Ciências em comunicado.

Esse é o terceiro Prêmio Nobel entregue neste ano após as premiações nas áreas de Medicina, na segunda-feira, e Física, na terça-feira.

O prêmio foi criado por vontade do magnata da dinamite Alfred Nobel e é entregue desde 1901.

A seguir, um perfil dos vencedores:

- VENKATRAMAN RAMAKRISHNAN

Nasceu em 1952, em Chidambaram, Estado de Tâmil Nadu, na Índia, e atualmente é cidadão dos EUA. Formou-se em Física em 1976 na Universidade de Ohio, e desde 1999 é cientista-sênior e chefe de grupo da Divisão de Estudos Estruturais do Laboratório MRC de Biologia Molecular, da Universidade Cambridge, e pesquisador do Trinity College, também em Cambridge. O estudo de Ramakrishnan sobre as estruturas cristalizadas da pequena subunidade do ribossomo foram cruciais para a compreensão de como o ribossomo obtém sua precisão. Ele identificou algo que pode ser descrito como uma régua molecular. Usando a régua duas vezes, o ribossomo confere se está tudo correto.

- THOMAS A. STEITZ

Steitz nasceu em Milwaukee, Estado de Wisconsin, nos EUA, em 1940, e é professor de Bioquímica e Biofísica Molecular e investigador do Instituto Médico Howard Hughes da Universidade Yale. Ele se graduou em Química na Faculdade Lawrence, em Appleton, Wisconsin, em 1962, e se doutorou em Biologia Molecular e Bioquímica em Harvard, sob a orientação de William Lipscomb, em 1966. Após um ano de pós-doutorado em Harvard, trabalhou no Laboratório de Biologia Molecular do Conselho de Pesquisa Médica de Cambridge, junto com David Blow, antes de entrar para a Universidade Yale. Sua pesquisa está voltada para o uso da cristalografia por raios X da proteína e do ácido nucléico para estabelecer a base estrutural dos mecanismos enzimáticos e das interações entre proteína e ácido nucléico na célula. Seu trabalho estrutural sobre o ribossomo e outras enzimas envolvidas na replicação, tradução e transcrição do DNA forneceu pistas sobre os caminhos envolvidos na transferência de informação e estabilidade do genoma na célula. O trabalhado laboratorial de Steiz sobre antibióticos que atacam a grande subunidade ribossômica pode também servir de base para o desenvolvimento de novos antibióticos eficazes contra microorganismos resistentes a antibióticos atuais.

- ADA E. YONATH

Yonath é a nona pessoa de Israel a receber um Nobel, e a primeira entre as mulheres desse país. É quarta mulher a receber o Nobel de Química, mas a primeira desde 1964.

Nasceu em Jerusalém, em junho de 1939, e se formou em Química pela Universidade Hebraica de Jerusalém, para em seguida fazer mestrado em Biofísica. Concluiu seu doutorado com distinção no Instituto Weizmann de Ciências, e depois se especializou no exterior em cristalografia biológica. Ao voltar para Israel, fundou seu próprio laboratório voltado para essa especialidade.

Ela leciona desde 1988 no Instituto Weizmann, onde ocupa a cátedra Kimmel. Dirige desde 1989 o Centro Kimmelman para a Estrutura e Montagem Biomolecular. Entre 1986 e 2004 foi também diretora de pesquisas do Instituto Max Planck, em Hamburgo.

Yonath tem estudado processos relacionados à tradução do código genético em proteínas, e seus estudos ímpares tornaram possível determinar detalhadamente a estrutura tridimensional do ribossomo.

Ela está voltada para buscar formas de melhorar antibióticos que paralisem o ribossomo. Os resultados das pesquisas nesse campo lhe valeram uma grande reputação junto a laboratórios farmacêuticos multinacionais. Recebeu diversos prêmios por seu trabalho, inclusive o Prêmio Israel de Química, em 2002, e o Prêmio Wolf de Química, junto com George Feher, em 2006.

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