| Foto: /Wikimedia.Commons

Os benefícios para a saúde de uma boa noite de sono são conhecidos há tempos pela medicina, mas um novo estudo norte-americano , publicado nesta segunda-feira (31) na revista científica “Sleep”, foi capaz de demonstrar que, além do cansaço e estresse, dormir pouco pode, literalmente, aumentar as chances de ficar doente.

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De acordo com os pesquisadores, pessoas que dormem seis horas ou menos por dia são mais de quatro vezes mais propensas a pegarem resfriados em comparação com quem dorme ao menos sete horas.

“Vai além de se sentir grogue ou irritado”, disse Aric Prather, professor de Psiquiatria na Universidade da Califórnia em San Francisco (UCSF) e líder do estudo. “Não dormir o suficiente afeta a saúde física.”

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Também participaram da pesquisa profissionais do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh. A equipe monitorou o padrão de sono de 164 voluntários com sensores que medem a duração e a qualidade do sono. Os participantes também responderam a entrevistas e questionários para a avaliação de outras variáveis, como estresse, temperamento e uso de álcool e tabaco.

Para medir a propensão ao resfriado, os participantes foram isolados em um hotel e tiveram o vírus administrado por via nasal. Eles foram monitorados por uma semana, com coleta diária de amostras de muco para avaliar a progressão da doença.

Os resultados mostraram que os indivíduos que dormiam menos de seis horas por noite tinham 4,2 vezes mais chances de pegar o resfriado, em comparação com os que dormem mais de sete horas. Para quem dorme menos de cinco horas, a relação foi de 4,5 vezes.

“O sono vai além de outros fatores que medimos”, disse Prather. “Não importa a idade, os níveis de estresse, a raça, educação ou renda. Não importa se é fumante ou não. Com todas essas variáveis sendo consideradas, estatisticamente o sono se mostrou um forte indicador para a suscetibilidade ao vírus do resfriado”, completou.

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Epidemia

Os pesquisadores apenas apontaram a correlação entre distúrbios do sono e o resfriado, mas Luciana Palombini, especialista da Associação Brasileira do Sono, explica que deve se tratar de uma reação do organismo ao estresse.

Um outro estudo já havia demonstrado que a baixa quantidade ou qualidade do sono prejudica a eficácia da vacina contra a gripe por causa da liberação de hormônios que prejudicam o sistema imunológico.

E esse problema tende a afetar cada vez mais pessoas. Nos últimos 15 anos, a média global de tempo despendido dormindo diminuiu em uma hora e meia. O aumento das possibilidades de distração, seja por trabalho ou entretenimento, está criando um fenômeno de redução de horas de sono que já é considerado como uma epidemia.

“Existe uma epidemia, sim, de restrição do sono”, afirmou Luciana. “As pessoas, voluntariamente, estão dormindo menos do que precisam. As consequências de curto prazo são sonolência, dificuldade de concentração, irritabilidade, que acontecem no dia seguinte, mas no longo prazo os distúrbios também estão relacionados com riscos maiores de doenças cardiovasculares e diabete.”