O co-piloto do avião que caiu na península do Sinai havia se queixado sobre o estado da aeronave pouco antes do acidente que matou todos as 224 pessoas a bordo, contou sua mulher ao canal estatal russo “NTV”. Segundo ela, Sergei Trukachev tinha dito à filha que a “condição técnica do Airbus A321 estava a desejar”. O voo da empresa Kogalymavia, também conhecida como Metrojet, deixou o balneário egípcio de Sharm el-Sheikh no sábado e tinha como destino São Petersburgo.
Neste domingo (1/11), uma comissão de investigadores russos chegou ao Egito para começar, em conjunto com as autoridades egípcias, a examinar o conteúdo das caixas-pretas da aeronave que foram recuperadas já no sábado (31). Todos as 224 pessoas a bordo morreram no acidente com o Airbus 321, que perdeu contato com os radares 23 minutos após decolar, quando o aparelho estava a mais de 30 mil pés, altitude de cruzeiro. Entre os 217 passageiros, 138 eram mulheres, 62 homens e 17 crianças. Os outros sete eram tripulantes.
Até agora, ao menos 163 corpos foram recuperados e transportados para hospitais da região. As buscas pelos outras vítimas recomeçaram neste domingo e, segundo um militar envolvido nas operações, o raio foi estendido para 15 km, a partir de uma base militar no centro da província do Norte do Sinai. “Nós encontramos o corpo de uma menina de 3 anos a 8 km”, disse um militar, que não quis se identificar.
Mistério
Um dia depois do acidente, as causas da queda ainda permanecem um mistério. Mesmo após as autoridades apontarem que não há indícios de que o avião tenha sido abatido, o ramo egípcio do Estado Islâmico disse ser o responsável pelo acidente, mas sem dar detalhes de como realizou o atentado. O Sinai é um local de insurgência do grupo Província do Sinai, composto por militantes que apoiam o EI e responsáveis por matar centenas de soldados e policiais egípcios e atacar alvos ocidentais nos últimos meses.
No entanto, forças de segurança egípcias disseram não acreditar que há “irregularidades” por trás do incidente e o premier Ismail Sharif afirmou que um avião a 30 mil pés não poderia ser atingido por um foguete ou míssil do tipo que os insurgentes possuem. A Rússia, que no último mês realizou ataques contra alvos do EI na Síria, também se mostrou cética sobre a declaração dos jihadistas. O ministro dos Transportes russo disse à agência de notícias Interfax que a reivindicação “não pode ser considerada precisa”.
Entretanto especialistas entrevistados pela AFP não excluem, antes de as caixas-pretas serem analisadas, que uma bomba possa ter explodido a bordo ou que o avião possa ter sido atingido enquanto descia, por uma razão técnica ou outra, por um míssil ou um foguete disparado a partir do solo. Outro ponto é que destroços e vários corpos foram encontrados em um perímetro que se estende ao longo de 8 km, o que pode indicar que o Airbus não tocou o solo inteiro, mas se deslocou ou explodiu ainda em voo.
Enquanto as causas do acidente não são esclarecidas, várias companhias aéreas, como a Air France, Lufthansa e Emirates, anunciaram que não vão sobrevoar o Sinai por “medida de segurança”.
Luto nos dois países
Na Rússia, assim como no Egito, as bandeiras foram hasteadas a meio mastro nos edifícios públicos. E, de acordo com um decreto do presidente Vladimir Putin, todos os programas televisivos de entretenimento foram cancelados.
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